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REPORTAGEM

Economia solid¨¢ria d¨¢ emprego e renda a 2 milh?es de brasileiros

25 de julho de 2013


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Milene (¨¤ esq.) e J¨¦ssica ajudam a administrar uma cooperativa de produtores de leite em S?o Paulo: no empreendimento, todas as decis?es s?o tomadas pelos pr¨®prios trabalhadores.

Mariana Ceratti/Banco Mundial

DESTAQUES DO ARTIGO
  • Especialistas em pol¨ªticas de emprego veem na economia solid¨¢ria uma oportunidade a quem est¨¢ no campo ou em situa??o de pobreza.
  • Em El Salvador e no M¨¦xico, a economia solid¨¢ria tamb¨¦m ajuda a estimular a inclus?o no mercado de trabalho.
  • O Banco Mundial apoia projetos desse tipo em todas as regi?es do Brasil.

A paulista Milene Veroneze tinha s¨® 13 anos quando o pai se juntou a uma cooperativa de produtores de leite. Hoje, aos 37, cuida de compras, faz pagamentos e fica de olho para que os colegas vacinem o gado em dia. ¡°Aprendi tudo na marra¡±, conta a assistente administrativa. Em breve, ela mudar¨¢ de cidade, mas n?o sem antes treinar J¨¦ssica Cal?a, 20 anos, que observa cada passo da mestra.

A cooperativa faz parte das 30 mil empresas de economia solid¨¢ria existentes no Brasil, segundo o Minist¨¦rio do Trabalho. Elas empregam cerca de 2,3 milh?es de pessoas e t¨ºm algumas caracter¨ªsticas fundamentais.

A primeira delas ¨¦ o trabalho em associa??es ou cooperativas. A segunda, a propriedade coletiva dos instrumentos de produ??o, como o computador em que Milene trabalha e a m¨¢quina usada na fabrica??o de iogurtes. A autogest?o ¨¦ outra marca: todas as decis?es s?o tomadas pelos pr¨®prios cooperados.

Ainda segundo o Minist¨¦rio do Trabalho, muitas dessas empresas adotam t¨¦cnicas sustent¨¢veis de produ??o. Finalmente, os integrantes compartilham o que ganham, com pagamento e chances iguais para homens e mulheres.

¡°Por tudo isso, a economia solid¨¢ria emancipa o trabalhador e d¨¢ oportunidades tanto a quem vive no campo quanto a quem est¨¢ em situa??o de pobreza¡±, avalia Roberto Marinho, secret¨¢rio adjunto da Secretaria Nacional de Economia Solid¨¢ria, ligada ao Minist¨¦rio.

No pr¨®ximo m¨ºs, a institui??o deve divulgar novos n¨²meros relativos ao tema e o perfil de quem trabalha no setor.

¡°No Brasil, a economia solid¨¢ria integra a estrat¨¦gia nacional de inclus?o produtiva; ¨¦ tamb¨¦m cada vez mais importante em pa¨ªses como El Salvador e M¨¦xico. Isso mostra um esfor?o da regi?o em unir as pol¨ªticas de assist¨ºncia social ¨¤s de gera??o de emprego¡±, explica Concepci¨®n Steta, especialista em prote??o social no Banco Mundial.


" Estruturar o apoio ¨¤ economia solid¨¢ria requer uma s¨¦rie de condi??es. ? preciso criar acesso a cr¨¦dito, investimentos e assist¨ºncia t¨¦cnica. "

Roberto Marinho

Secret¨¢rio adjunto da Secretaria Nacional de Economia Solid¨¢ria

Comunidade de aprendizagem

A import?ncia de estimular a economia solid¨¢ria e o empreendedorismo foi um dos temas discutidos no recente encontro da Comunidade de Aprendizagem sobre Pol¨ªticas de Emprego, organizada pelo Banco. A comunidade re¨²ne pa¨ªses de toda a Am¨¦rica Latina.

Em comum, eles t¨ºm os esfor?os para:

  • Oferecer mais oportunidades de emprego pela internet;
  • Incluir os jovens no mercado de trabalho;
  • Melhorar a conex?o entre a capacita??o profissional e a oferta de vagas;
  • Adaptar os postos de oferta de empregos para receber melhor os mais pobres, as pessoas com menos instru??o, os deficientes f¨ªsicos, etc.

Nem todos esses pa¨ªses, por¨¦m, t¨ºm programas de incentivo ¨¤ economia solid¨¢ria. ¡°Estruturar esse apoio requer tempo e uma s¨¦rie de condi??es. ? preciso, por exemplo, criar acesso a cr¨¦dito, investimentos e assist¨ºncia t¨¦cnica¡±, explica Marinho. Al¨¦m disso, as legisla??es tribut¨¢ria, sanit¨¢ria e comercial necessitam de ajustes para que as empresas consigam fabricar e vender seus produtos conforme as exig¨ºncias do mercado.

¡°Por meio da Comunidade de Aprendizagem, o Banco Mundial apoia a troca de experi¨ºncias entre os pa¨ªses latino-americanos interessados em criar estrat¨¦gias de economia solid¨¢ria¡±, ressalta Steta.

O Banco ainda oferece assist¨ºncia aos governos que queiram montar projetos para ajudar a vencer essas dificuldades. Entre as iniciativas, est¨¢ a que ajuda produtores rurais paulistas a se estruturar para ter mais acesso a mercados (i).

A Cooperativa dos Produtores Agropecu¨¢rios de S?o Pedro (Coopamsp), em que Milene e J¨¦ssica trabalham, ¨¦ uma das beneficiadas por esse trabalho. O que come?ou em 1989 como uma associa??o de 28 produtores hoje tem 116 participantes e muitos planos -- come?ar a produzir queijo, por exemplo. ¡°Por ser uma cooperativa pequena, acabamos virando uma grande fam¨ªlia¡±, festeja Milene.


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