Introdu??o
H¨¢ quase oitenta anos, um dos grandes economistas do S¨¦culo XX e importante cidad?o ingl¨ºs de sua ¨¦poca, John Maynard Keynes, compareceu diante de uma comiss?o do governo brit?nico. O mundo caminhava pouco a pouco para a Grande Depress?o. Em seu testemunho, prestado a alguns quil?metros daqui, Keynes apelou para que seus ouvintes se elevassem acima da limitada vis?o burocr¨¢tica para enxergar o quadro mais amplo.
Faltavam ainda seis anos para a publica??o da sua obra mais marcante, Teoria Geral, mas ele j¨¢ estava antecipando suas revela??es: ¡°Entramos em um c¨ªrculo vicioso, n?o fazemos nada porque n?o temos dinheiro, mas ¨¦ exatamente por n?o fazer nada que n?o temos dinheiro.¡±
Keynes queria salvar a economia de mercado e temia as consequ¨ºncias pol¨ªticas ¨C em uma era de comunismo e fascismo ¨C de n?o faz¨º-lo. Seus apelos para que fossem superados os interesses particulares n?o foram ouvidos. Os governos reagiram de modo ineficaz ¨¤ Depress?o. Os pa¨ªses entregaram-se a pol¨ªticas competitivas beggar-thy-neighbor, ou de empobrecimento de pa¨ªses vizinhos. E a cat¨¢strofe aconteceu.
Contudo, as ideias de Keynes, nascidas da oportunidade for?ada pela crise, ainda t¨ºm muita influ¨ºncia atualmente. Ele e outros de sua gera??o criaram o sistema multilateral que ainda permanece e que devemos refazer mais uma vez para tratar dos desafios de nossa era.
O que Keynes e outras pessoas alcan?aram, mesmo enquanto a Segunda Guerra Mundial grassava, combinava ideias apoiadas por a??es. Eles ajudaram a criar a arquitetura econ?mica do p¨®s-guerra. Lan?aram as pedras fundamentais do Grupo Banco Mundial, do Fundo Monet¨¢rio Internacional e do que mais tarde veio a ser a Organiza??o Mundial do Com¨¦rcio.
Hoje, n?o devemos nos esquivar de unir ideias e a??es. Em um momento de falta de confian?a, precisamos de a??es que restaurem a certeza p¨²blica de que os governos est?o dispostos ao desafio. ? mais arriscado fazer de menos do que fazer demais.
A crise atual
L¨ªderes re¨²nem-se esta semana em Londres em um cen¨¢rio que n?o seria estranho para Keynes. A mais recente estimativa do Banco Mundial para o crescimento econ?mico global em 2009, divulgada hoje, prev¨º uma retra??o de 1,7% em compara??o com o crescimento econ?mico de 1,9% no ano passado. Esta seria a primeira queda registrada na economia global desde a Segunda Guerra Mundial. Estamos enfrentando tamb¨¦m uma diminui??o de 6% no volume do com¨¦rcio mundial de bens e servi?os, a maior redu??o em 80 anos.
O que come?ou em 2007 como uma crise financeira, transformou-se rapidamente em uma crise econ?mica. Hoje ¨¦ uma crise de desemprego. Estamos prevendo que o ritmo do crescimento econ?mico dos pa¨ªses em desenvolvimento caia muito este ano, para 2,1%. Esperamos quedas reais na Europa Central e Oriental, ?sia Central e Am¨¦rica Latina e Caribe.
Nesta crise, os pa¨ªses em desenvolvimento est?o sendo a?oitados por ondas sucessivas. Essas ondas s?o provenientes da aguda contra??o no crescimento econ?mico e redu??o de cr¨¦dito no mundo desenvolvido. Da mesma forma que a economia global j¨¢ ajudou a tirar centenas de milhares de pessoas da pobreza, existe hoje o risco de um desenvolvimento ao contr¨¢rio, j¨¢ que o nosso mundo interligado transmite choques negativos com maior pot¨ºncia e velocidade.
Os fluxos de capital privado para o mundo em desenvolvimento est?o sofrendo uma profunda contra??o, com queda dos fluxos l¨ªquidos em 2009 para cerca de um ter?o do pico de US$ 1,2 trilh?o alcan?ado h¨¢ dois anos. As remessas est?o caindo, com uma previs?o de queda de pelo menos 5% para 2009.
Al¨¦m disso, algumas a??es dos pa¨ªses desenvolvidos, mesmo que compreens¨ªveis, est?o aumentando as dificuldades das na??es em desenvolvimento. ? medida que emitem grandes volumes de d¨¦bito garantido, os governos dos pa¨ªses desenvolvidos est?o excluindo o financiamento para os pa¨ªses em desenvolvimento bem administrados. Os pa¨ªses em desenvolvimento, mesmo aqueles com poucos d¨¦ficits, ou n?o conseguem tomar qualquer empr¨¦stimo ou t¨ºm que enfrentar spreads muito mais elevados.
Calculamos que 84 dos 109 pa¨ªses em desenvolvimento que pesquisamos enfrentam um d¨¦ficit de financiamento que este ano varia entre US$ 270 e US$ 700 bilh?es. As duas grandes interroga??es refletidas nesta varia??o t?o ampla s?o: que volume da d¨ªvida privada ¨¦ rolado e qual a extens?o da fuga de capital.
Ao mesmo tempo, a diminui??o da procura est¨¢ reduzindo a produ??o industrial e os pre?os em queda dos produtos b¨¢sicos est?o comprimindo a posi??o fiscal de muitas economias dependentes de exporta??o. Somente 25% dos pa¨ªses em desenvolvimento t¨ºm condi??es para financiar programas para atenuar os efeitos da recess?o.
Esses eventos podem transformar-se em uma crise social e humana com implica??es pol¨ªticas. Concentrou-se maior aten??o nos pa¨ªses desenvolvidos, onde as pessoas est?o amea?adas de perder suas casas, seus bens e empregos. S?o dificuldades reais. Mas os povos dos pa¨ªses em desenvolvimento t¨ºm muito menos prote??o: n?o t¨ºm poupan?a, nem seguro ou benef¨ªcios relativos ao desemprego e muitas vezes n?o t¨ºm comida.
Calculamos que 53 milh?es de pessoas a mais ser?o aprisionadas pela pobreza este ano, vivendo com menos de US$ 1,25 por dia devido ¨¤ crise. Isso ocorre ap¨®s o aumento dos pre?os dos alimentos e combust¨ªveis dos ¨²ltimos anos, que lan?ou 130 a 155 milh?es de pessoas em extrema pobreza, muitas das quais ainda n?o se recuperaram.
O mundo j¨¢ estava enfrentando dificuldade para alcan?ar as oito Metas de Desenvolvimento do Mil¨ºnio at¨¦ 2015. Agora, esses objetivos parecem ainda mais distantes. Tomemos o exemplo da mortalidade infantil, uma das causas mais prementes: calculamos hoje que haver¨¢ um aumento de 200.000 a 400.000 no n¨²mero de beb¨ºs que morrer?o este ano por causa da queda do crescimento.
Ao redor do mundo
Vivemos em um mundo interligado, mas a crise ¨¦ sentida de forma diferente no planeta.
- Os pa¨ªses da Europa Central e Oriental podem ser os que correm o maior risco, embora seus n¨ªveis de rendimento sejam superiores aos de outros pa¨ªses. Desde o final da Guerra Fria, as estrat¨¦gias de crescimento nessa regi?o basearam-se na integra??o com a Uni?o Europeia e na economia global por interm¨¦dio do com¨¦rcio, investimento, deslocamento de pessoas e remessas. Assim, a retirada desses fatores ¨¦ um golpe particularmente forte.
Ademais, enquanto os pa¨ªses caminhavam para ingressar na Zona Euro, alguns deles contra¨ªram empr¨¦stimos internos em euros ou francos su¨ª?os, elevando o risco de inadimplemento no caso de queda dos valores das moedas locais. A maioria dos bancos da Europa Central e Oriental ¨¦ atualmente de propriedade de seus vizinhos do Ocidente, o que eleva o risco de suspens?o de apoio. Os empr¨¦stimos duvidosos no Ocidente, por sua vez, podem prejudicar os bancos em toda a Europa.
Obviamente ¨¦ preciso estabelecer a diferen?a entre os pa¨ªses. Mas a pr¨®pria l¨®gica da integra??o europeia ¨C uma das mais bem-sucedidas realiza??es pol¨ªticas e econ?micas dos ¨²ltimos 60 anos ¨C sugere que o conjunto europeu s¨® ser¨¢ maior do que a soma de suas partes se os europeus se apoiarem entre si. Da mesma forma, ao longo da hist¨®ria, os pa¨ªses da Europa Central e Oriental tentaram diferenciar suas circunst?ncias das dos seus vizinhos e descobriram que as fragilidades de um deles geram perigos para todos.
Mais ao leste, a crise econ?mica da Ucr?nia representa um teste de coer¨ºncia pol¨ªtica e talvez at¨¦ de sustentabilidade. Os pain¨¦is publicit¨¢rios de Kiev s?o uma met¨¢fora para o desaparecimento de orienta??o. Onde h¨¢ menos de tr¨ºs meses os consumidores eram incentivados a gastar mais, hoje a ter?a parte desses pain¨¦is est¨¢ vazia, com apenas papel?o em branco e metal substituindo as sedu??es sobre dias melhores.
- Na ?sia Central, as economias pobres, que est?o apenas come?ando a reabrir a velha ¡°Estrada da Seda¡± ap¨®s s¨¦culos de isolamento, enfrentam perspectivas sombrias. No ano passado, as remessas enviadas por trabalhadores migrantes foram respons¨¢veis por 43% do PIB do Tajiquist?o e 28% na Rep¨²blica Quirguiz. Mas a desacelera??o da economia na R¨²ssia e no Cazaquist?o far?o os trabalhadores migrantes voltarem para casa. No Cazaquist?o, o governo espera que o desemprego dobre, chegando a 12% at¨¦ o final deste ano. Almaty, que j¨¢ viveu tempos de pujan?a com a explos?o dos rendimentos do petr¨®leo, ¨¦ hoje uma cidade de obras inacabadas, guindastes parados e pr¨¦dios fantasmas sem ocupantes ¨C um monumento involunt¨¢rio a expectativas fracassadas.
- A Am¨¦rica Latina, com princ¨ªpios fiscais, de moeda e financeiros mais fortes do que no passado, est¨¢ sentindo a crise primeiramente por interm¨¦dio do com¨¦rcio e da economia real. Enquanto nas economias desenvolvidas os perigos tiveram in¨ªcio nas finan?as e se espalharam para a manufatura e outros servi?os, o golpe para os pa¨ªses em desenvolvimento est¨¢ come?ando com os setores produtivos e poder¨¢ depois contagiar os bancos que emprestam para esses setores. O M¨¦xico e a Am¨¦rica Central foram atingidos por causa da queda de demanda nos EUA e redu??o das remessas. A contra??o dos pre?os de produtos b¨¢sicos est¨¢ prejudicando o Brasil; embora o seu grande mercado interno tenha oferecido alguma prote??o, o Brasil ficar¨¢ cada vez mais limitado se o com¨¦rcio continuar a cair. Pa¨ªses como o Chile e o Peru aproveitaram anos favor¨¢veis para melhorar suas posi??es fiscais e de reservas, oferecendo algum conforto, mas uma recess?o longa e profunda levar¨¢ tudo para um espiral de queda. As economias vulner¨¢veis do Caribe est?o sofrendo com a retra??o do turismo.
- A crise financeira restringiu gravemente a j¨¢ limitada capacidade de manobra do Sul da ?sia. A ?ndia perdeu US$ 45 bilh?es de suas reservas por causa das sa¨ªdas de capital, a taxa de c?mbio sofreu uma deprecia??o de mais de 20% e os pre?os das a??es ca¨ªram 50%. Os custos sociais tamb¨¦m est?o se elevando. O governo indiano calcula uma perda de 500.000 empregos no setor formal entre os meses de outubro e dezembro do ano passado. Em Bangladesh, informou-se que no m¨ºs passado mais de 4.000 trabalhadores retornaram ao pa¨ªs, que acabou de restabelecer sua fr¨¢gil democracia. O Paquist?o apertou o cinto para continuar com um programa do FMI e seu novo governo luta contra grupos violentos e conflito constitucional.
- O Leste Asi¨¢tico foi atingido pela crise atrav¨¦s de suas liga??es bem desenvolvidas com a terceiriza??o global e suas cadeias de suprimento. Pa¨ªses menores e mais pobres como o Camboja s?o particularmente vulner¨¢veis a deteriora??es de setores e mercados-chave. O Camboja perdeu cerca de 50.000 empregos na ind¨²stria de vestu¨¢rio, seu ¨²nico setor de exporta??o relevante. A maioria das mulheres jovens, que foram particularmente beneficiadas pelos empregos no setor de vestu¨¢rio est¨¢ atualmente em situa??o de risco. Fam¨ªlias de pastores n?mades, que ainda constituem um ter?o da popula??o da Mong¨®lia, viram os pre?os da caxemira, seu principal produto, cair 40%.
As economias maiores do Leste Asi¨¢tico tamb¨¦m est?o enfrentando mudan?as substanciais. Na China, calcula-se que 20 milh?es de trabalhadores migrantes tenham perdido seus empregos nos setores de manufatura e constru??o. Alguns est?o voltando para o interior, mas ficam em cidades em vez de retornarem a min¨²sculos lotes agr¨ªcolas. A China lan?ou um amplo plano de incentivo mas, mesmo assim, estamos prevendo que o crescimento cair¨¢ de 9% em 2008 para 6,5% este ano.
- A ?frica, embora represente uma pequena parcela do com¨¦rcio e do investimento da globaliza??o, n?o foi protegida contra a crise mundial. Um funcion¨¢rio da Rep¨²blica Democr¨¢tica do Congo alertou que 350.000 pessoas podem perder seus empregos na prov¨ªncia de Katanga quando as empresas de minera??o reduzirem sua produ??o. Com os pre?os do diamante em queda, a Rep¨²blica Centro Africana prev¨º uma redu??o de 50% em sua receita em compara??o a 2008. As remessas est?o se esgotando no Qu¨ºnia. E com a probabilidade de queda r¨¢pida na receita do turismo, as perspectivas s?o sombrias para um pa¨ªs como Seicheles, onde o turismo, sua principal fonte de emprego e capital estrangeiro dever¨¢ encolher 25% somente em 2009.
- At¨¦ o momento, os pa¨ªses do Oriente M¨¦dio e Norte da ?frica foram menos afetados pela crise de cr¨¦dito. Mas os reformadores no Maghreb provavelmente perder?o turismo proveniente da Europa e mercados de exporta??o tamb¨¦m na Europa. Os pa¨ªses que dependem dos trabalhadores migrantes provavelmente ter?o que descobrir como lidar com remessas menores e com o fluxo da m?o-de-obra que retorna. At¨¦ mesmo os produtores de energia est?o diante de grandes incertezas ao procurarem enfrentar o desafio de unir jovens desempregados, educa??o e trabalho produtivo em um ambiente no qual as oportunidades de emprego no setor privado dever?o ser limitadas e os pre?os dos produtos b¨¢sicos continuam vol¨¢teis.
Haver¨¢ tamb¨¦m problemas espec¨ªficos que atravessam regi?es. J¨¢ estamos vendo os efeitos da crise nas mulheres e meninas. As mulheres sofrem de forma desproporcional. Quando as fam¨ªlias t¨ºm que apertar os cintos, as meninas correm um risco maior de serem retiradas da escola. E quando algu¨¦m tem que ficar sem uma refei??o, na maioria das vezes s?o as meninas menores que sofrer?o de desnutri??o.
Inova??o e a??o
Apesar de algumas condi??es econ?micas que reproduzem o passado, n?o estamos na d¨¦cada de 1930. Os Bancos Centrais forneceram ampla liquidez e alguns intervieram com formas criativas de manter o fluxo de cr¨¦dito. Os pa¨ªses desenvolvidos agiram muito mais r¨¢pido do que na ¨¦poca de Keynes para intensificar a demanda com pacotes de incentivo. Os supervisores das institui??es financeiras est?o de modo geral alertas aos riscos sist¨ºmicos de colapsos que paralisam de medo os investidores. As institui??es financeiras multilaterais criadas em Bretton Woods intervieram para ajudar os pa¨ªses a evitar ou enfrentar a crise. At¨¦ o momento, ainda n?o vimos as vendas no atacado refugiarem-se no protecionismo que foi t?o prejudicial na d¨¦cada de 1930.
Mas 2009 ser¨¢ um ano perigoso. Este n?o ¨¦ um momento para satisfa??o. N?o ¨¦ um dia para expressar a falsa convic??o de que tudo o que se poderia fazer, foi feito. N?o ¨¦ hora para respostas nacionalistas nem mesmo regionalistas limitadas. A ¨²nica certeza que podemos extrair dos acontecimentos do ¨²ltimo ano ¨¦ nossa incapacidade para prever o que vai acontecer e como ela pode precipitar eventos inesperados.
Para enfrentar os desafios que est?o por vir, ¨¦ preciso esp¨ªrito de inova??o apoiado por a??o.
Precisamos ser r¨¢pidos e flex¨ªveis. Precisamos desenvolver solu??es para problemas que re¨²nam os recursos e aptid?es de parceiros m¨²ltiplos ¨C governos, institui??es internacionais, sociedade civil e o setor privado.
Precisamos de catalisadores para criar essas novas parcerias.
No m¨ºs passado, o Grupo Banco Mundial uniu for?as com o Banco Europeu pela Reconstru??o e Desenvolvimento (BERD) e o Banco Europeu de Investimento (BEI) para apoiar os setores banc¨¢rios na Europa Central e Oriental com um pacote de financiamento de at¨¦ € 24,5 bilh?es.
O bra?o do setor privado do Banco Mundial, a IFC e o Banco Japon¨ºs para Coopera??o Internacional contribu¨ªram com US$ 3 bilh?es para um Fundo de Capitaliza??o com o objetivo de ajudar a fortalecer os bancos de mercados emergentes menores e manter o fluxo de cr¨¦dito para pequenas empresas e indiv¨ªduos.
A IFC uniu-se ¨¤ KfW, ag¨ºncia de desenvolvimento da Alemanha, para criar um fundo rotativo com liquidez de US$ 500 milh?es destinado a apoiar institui??es de microfinanciamento, porque os empres¨¢rios e as pequenas empresas oferecem a melhor rede de seguran?a em tempos dif¨ªceis: novos empregos.
Estamos agora avaliando os efeitos da recess?o global sobre as empresas do mundo em desenvolvimento e estudando como poder¨ªamos ajudar a mobilizar o capital privado para ajudar a reestruturar empresas e ativos em situa??o de risco.
Hoje, a Diretoria do Grupo Banco Mundial est¨¢ examinando uma nova proposta: o lan?amento de um Programa Global de Liquidez do Com¨¦rcio, no valor de US$ 50 bilh?es.
A gigantesca queda no com¨¦rcio foi exacerbada por uma redu??o de financiamento do com¨¦rcio. Para ajudar, primeiramente aumentamos a cobertura de garantia de cr¨¦dito para o com¨¦rcio para US$ 3 bilh?es para os bancos dos pa¨ªses em desenvolvimento, muitos deles na ?frica. Mas aprendemos que garantias n?o s?o suficientes, porque muitos pequenos mutuantes n?o podem obter o financiamento em moeda.
Nosso novo Programa Global de Liquidez do Com¨¦rcio combinar¨¢ nosso pr¨®prio investimento de US$ 1 bilh?o com o financiamento de governos e Bancos Regionais de Desenvolvimento. Esses recursos p¨²blicos podem ser impulsionados por interm¨¦dio de um acordo de compartilhamento de risco com parceiros do setor privado, tais como Standard Chartered, Standard Bank e Rabobank. E depois os empr¨¦stimos para o com¨¦rcio podem ser reciclados ¨¤ medida que os primeiros forem pagos. Trabalhando em associa??o com a OMC procuraremos tamb¨¦m aproveitar os recursos e as experi¨ºncias de ¨®rg?os nacionais de cr¨¦dito para a exporta??o.
Espero que os l¨ªderes do G-20 aprovem esta iniciativa de liquidez comercial. O apoio do G-20 nos ajudar¨¢ a ganhar mais impulso para que possamos nos desenvolver em dire??o ¨¤ meta estabelecida pelo Primeiro Ministro Brown.
Um apelo ao G-20: fa?am o multilateralismo funcionar
Diferentemente das crises econ?micas dos ¨²ltimos sessenta anos, esta ¨¦ uma crise global. Ela exigir¨¢ uma solu??o global.
Vivemos em uma economia global comandadas por indiv¨ªduos, empresas, sindicatos e governos nacionais. Eles comercializam, investem, trabalham, inventam, negociam e constroem dentro de na??es-estado, as quais definem as regras e algumas vezes acordam cumprir prazos e procedimentos negociados. O G-20 n?o alterar¨¢ essa realidade do sistema internacional. Mas um multilateralismo fortalecido pode ampliar as vantagens e atenuar os riscos das desvantagens da interdepend¨ºncia econ?mica.
A moda ¨¦ falar de novas institui??es ou novos f¨®runs para governan?a global. Pode ser. Digo que devemos come?ar reformando e capacitando as institui??es que j¨¢ temos.
A OMC, FMI, Grupo Banco Mundial e Bancos Regionais de Desenvolvimento ¨C juntamente com as ag¨ºncias da ONU podem desempenhar um papel mais importante. Com mais de 180 membros e reforma adicional para aumentar a voz e a capacidade de tomada de decis?o dos pa¨ªses em desenvolvimento e economias emergentes, essas institui??es podem ajudar a cobrir o hiato entre as na??es-estados e a interdepend¨ºncia econ?mica interligando interesses nacionais, regionais e globais.
Se os l¨ªderes tiverem inten??es s¨¦rias com rela??o ¨¤ cria??o de novas responsabilidades ou governan?a globais, eles devem come?ar modernizando o multilateralismo para capacitar a OMC, o FMI e o Grupo Banco Mundial para monitorarem as pol¨ªticas dos pa¨ªses. Lan?ar luz sobre a tomada de decis?o dos pa¨ªses contribuiria para a transpar¨ºncia, responsabilidade e coer¨ºncia de todas as pol¨ªticas nacionais.
Como primeira etapa, o G-20 deve endossar o sistema de monitoramento da OMC para impulsionar o com¨¦rcio e opor-se ao isolacionismo econ?mico, ao mesmo tempo em que trabalha para completar as negocia??es de Doha destinadas a abrir mercados, cortar subs¨ªdios e resistir ¨¤ deteriora??o. J¨¢ estamos vendo protecionismo progressivo ¨C medidas adotadas ¨¤ custa de outros pa¨ªses. Campanhas de ¡°compre isso¡± ou ¡°compre aquilo¡±, ¡°empregos para esses trabalhadores¡± ou ¡°n?o h¨¢ vistos para aqueles¡±.
? medida que o ano de 2009 avan?a e o desemprego aumenta, os l¨ªderes dos pa¨ªses ser?o cada vez mais pressionados para transferirem os problemas para os outros. Um estudo do Banco Mundial j¨¢ demonstrou que 17 dos pa¨ªses do G-20 implementaram medidas de restri??o ao com¨¦rcio desde sua promessa p¨²blica de rejeitar o protecionismo em novembro ¨²ltimo.
Ningu¨¦m deve desejar que transgress?es isoladas se tornem um padr?o ¨C corroendo um dos principais anteparos entre esta crise e a crise da d¨¦cada de 1930.
Empoderar a OMC com apoio do Banco Mundial para identificar a??es que possam restringir o com¨¦rcio internacional, mesmo que n?o violem formalmente as regras da OMC. Se os pa¨ªses do G-20 acreditarem que uma maior governan?a global ¨¦ adequada, eles devem estar dispostos a aceitar a ¡°persuas?o moral¡± de an¨¢lises p¨²blicas que exp?em os nomes dos envolvidos.
Em segundo lugar, muitos pa¨ªses promulgaram pacotes de incentivo. Eles devem ter algum efeito na conten??o dos piores impactos desta recess?o. Entretanto, ningu¨¦m pode saber ao certo se esses pacotes oferecem incentivo suficiente, por tempo suficiente. Existem ainda debates leg¨ªtimos acerca da composi??o dos pacotes e do modo como eles ser?o implementados. O FMI sugeriu um pacote de incentivo global de 2% do PIB. Calcula que as medidas adotadas at¨¦ o momento cheguem a 1,8% para 2009 e 1,3% em 2010. Existe o perigo de retirada do incentivo global em 2010.
O G-20 deve institucionalizar uma fun??o de monitoramento para o FMI, para que este analise a execu??o desses pacotes de incentivo e avalie os resultados exigindo mais a??o se for necess¨¢rio.
V¨¢rios l¨ªderes disseram que o FMI deveria ter desempenhado uma fun??o de ¡°Alerta Precoce¡± na etapa preliminar da crise ¨C assim seria razo¨¢vel se eles pedissem ao FMI para avaliar como estamos nos saindo na tarefa de sair da crise.
Terceiro, ¨¦ fundamental que os governos organizem os ativos ruins e recapitalizem seus sistemas banc¨¢rios. Recupera??es econ?micas comandadas por est¨ªmulos fiscais n?o ser?o autossustent¨¢veis sem um ajuste dos sistemas banc¨¢rios. Na ¨¦poca de Keynes, os governos permitiram que o sistema banc¨¢rio se rompesse depois do fracasso do Creditanstalt na ?ustria. Hoje, os Bancos Centrais e os Ministros das Finan?as est?o procurando estabilizar o sistema. Mas o n¨ªvel de confian?a permanece baixo. Os novos investidores n?o desejar?o colocar em risco o capital privado at¨¦ que os preju¨ªzos sejam reconhecidos de forma transparente e o futuro dos bancos seja esclarecido. As recupera??es provavelmente come?ar?o fora do setor financeiro, mas elas ser?o frustradas se n?o tiverem cr¨¦dito.
A pol¨ªtica de aloca??o de recursos do governo para recapitalizar os bancos n?o ¨¦ f¨¢cil. As pessoas n?o gostam de banqueiros, especialmente quando eles t¨ºm que ser socorridos. Mesmo assim, os l¨ªderes precisam explicar que uma Wall Street ou City saud¨¢vel ¨¦ necess¨¢ria para uma cidade provincial ou moderna pr¨®speras.
O G-20 deve pedir ao FMI e ao Grupo Banco Mundial para monitorar as a??es e resultados do setor banc¨¢rio. J¨¢ estamos trabalhando juntos nos pa¨ªses em desenvolvimento por interm¨¦dio de Programas de Avalia??o do Setor Financeiro (FSAPs). Devemos fornecer feedback sobre os pa¨ªses desenvolvidos tamb¨¦m, publicar os resultados, lev¨¢-los a s¨¦rio e acompanh¨¢-los.
Em quarto lugar, mesmo que eliminemos os erros do passado, os l¨ªderes do G-20 desejam legitimamente uma revis?o geral do sistema regulador e supervisor financeiro. A maior parte da verdadeira autoridade sobre regulamenta??o ficar¨¢ com os governos nacionais. Mas existe uma necessidade de coopera??o internacional melhor e mais profunda. O F¨®rum de Estabilidade Financeira, presidido com compet¨ºncia por Mario Draghi, do Banco da It¨¢lia, come?ou a cobrir esse hiato. Com um n¨²mero maior de membros, a FSF pode vir a ser outra institui??o importante de um sistema multilateral, trabalhando com o FMI e o Grupo Banco Mundial na sua implementa??o.
Olhando para o futuro: os pa¨ªses em desenvolvimento devem fazer parte da solu??o
Falta uma quinta dimens?o ¨¤ nossa resposta ¨¤ crise global: o mundo em desenvolvimento. Em Londres, Washington e Paris, as pessoas falam em ¡°b?nus¡± ou ¡°sem b?nus¡±. Em partes da ?frica, Am¨¦rica do Sul e Am¨¦rica Latina, a luta ¨¦ entre alimento ou sem alimento. Os pa¨ªses e os povos em desenvolvimento est?o amea?ados de extin??o pela crise atual. Mas eles tamb¨¦m podem ser uma parte importante da solu??o.
Foi por isso que exortei as na??es desenvolvidas a investirem 0,7% ¨C menos de 1% ¨C de seus pacotes de incentivo em um Fundo de Vulnerabilidade para ajudar os pa¨ªses em desenvolvimento. A ideia ¨¦ utilizar os mecanismos multilaterais existentes ¨C e n?o criar uma nova burocracia ¨C para apoiar programas de redes de seguran?a, infraestrutura e financiamento para empresas de pequeno e m¨¦dio porte. Os doadores podem utilizar os r¨¢pidos mecanismos de financiamento do Grupo Banco Mundial, ag¨ºncias das Na??es Unidas ou Bancos Regionais de Desenvolvimento. Alemanha, Jap?o e Gr? Bretanha j¨¢ se comprometeram em contribuir com dinheiro. Espero ter mais assinaturas.
Durante a crise da d¨ªvida latino-americana da d¨¦cada de 1980 e a crise asi¨¢tica no final da d¨¦cada de 1990, os governos ficaram com pouca liquidez e reduziram os programas sociais ¨C o que afetou principalmente as pessoas de baixa renda. Os resultados surgiram em forma de dist¨²rbios sociais, corrup??o e at¨¦ mesmo viol¨ºncia.
O G-20 precisa aprender com aqueles erros.
As transfer¨ºncias sociais t¨ºm sido eficazes no incentivo ao gasto e na prote??o das pessoas de baixa renda contra os piores efeitos da crise. A transfer¨ºncia condicional de dinheiro ou os programas de alimenta??o escolar saud¨¢vel podem ser direcionados e eficazes a um custo relativamente baixo, at¨¦ mesmo de menos de 1% do PIB de um pa¨ªs. Programas bem-sucedidos tais como o ¡°Oportunidades¡± no M¨¦xico ou o ¡°Bolsa Fam¨ªlia¡± no Brasil t¨ºm custo da ordem de 0,4% do PIB, enquanto o maior programa de rede de seguran?a da Eti¨®pia, o ¡°Rede de Seguran?a Produtiva¡±, custa cerca de 1,7% do PIB.
Os principais pa¨ªses do G-20 est?o pedindo a institucionaliza??o de sistemas de ¡°alerta precoce¡± para perigos financeiros, institucionaliza??o de novas estruturas financeiras reguladoras e institucionaliza??o de mais recursos para o FMI destinados a interven??es maiores.
N?o ser¨¢ o momento de institucionalizar os sistemas de ¡°alerta precoce¡± paia as pessoas de baixa renda? N?o ser¨¢ o momento de institucionalizar o apoio aos mais vulner¨¢veis durante crises, especialmente aquelas crises que n?o foram criadas por eles?
Um compromisso de implantar estruturas de apoio e financiamento de redes de seguran?a para aqueles que correm maior risco contribuiria muito para demonstrar que este grupo dos G n?o aprovar¨¢ um mundo em dois n¨ªveis ¨C com c¨²pulas para sistemas financeiros e sil¨ºncio para os pobres.
Precisamos tamb¨¦m investir em projetos de infraestrutura capazes de gerar empregos e ao mesmo tempo criar uma base para produtividade e crescimento futuros.
Durante a crise de 1997-98, os investimentos da China em estradas, portos, aeroportos, energia e telecomunica??es apoiaram o emprego enquanto impulsionavam o crescimento ao longo da d¨¦cada seguinte. Com apoio financeiro e boa governan?a, outros pa¨ªses podem fazer o mesmo, criando capacidade produtiva para pagar os empr¨¦stimos. Quando fizerem isso, os pa¨ªses em desenvolvimento impulsionar?o a demanda global, inclusive de bens de capital e servi?os, dos pa¨ªses desenvolvidos. Na realidade, os investimentos em infraestrutura dos pa¨ªses em desenvolvimento provavelmente t¨ºm maior potencial para aumentar a produtividade e o crescimento do que as ¡°pontes para lugar nenhum¡± das economias desenvolvidas.
Na ¨²ltima d¨¦cada, 25 pa¨ªses da ?frica Subsaariana, que compreendem cerca de dois ter?os da popula??o, cresceram em m¨¦dia 6,6%. Isso significa uma oportunidade. Mas a falta de infraestrutura criou um estrangulamento substancial, reduzindo a produtividade das empresas em cerca de 40%. A integra??o regional ¨¦ prejudicada. Com melhor infraestrutura, calculamos que o crescimento na ?frica poder¨¢ ser aumentado para 2,2%.
O mesmo acontece na agricultura: os investimentos destinados a impulsionar a produtividade da agricultura africana em toda a cadeia de valor ¨C direitos de propriedade, fornecimento de sementes e fertilizantes, irriga??o, estradas e armazenamento, comercializa??o ¨C pode ajudar os pequenos propriet¨¢rios agr¨ªcolas a romper o ciclo da pobreza.
N?o ser¨¢ o momento de reconhecermos que uma globaliza??o inclusiva e sustent¨¢vel depende do incentivo a diversos polos de crescimento, inclusive pa¨ªses em desenvolvimento?
Se os pa¨ªses em desenvolvimento far?o parte da solu??o, precisam ter lugares ¨¤ mesa. O G-7 n?o ampliou o tempo para poder conhecer as realidades econ?micas internacionais. Agora o G-20 tem oportunidade de faz¨º-lo. Mas cerca de 20 ¨¤ mesa ainda deixam mais de 160 do lado de fora. As institui??es multilaterais ¨C com u n¨²mero muito maior de membros ¨C podem ajudar a unir o G-20 ao resto do mundo.
N?o ¨¦ f¨¢cil para grandes grupos compartilhar responsabilidades e gerar um objetivo comum coeso. No G-20 j¨¢ estamos vendo o surgimento de diferentes blocos: a UE organizando uma posi??o comum para seus oito participantes, o BRICs, formado pelo Brasil, R¨²ssia, ?ndia e China, coordenando declara??es conjuntas. Essa evolu??o ¨¦ previs¨ªvel, mas seria desastroso se o novo Grupo G, mais amplo, criasse novos hiatos entre os pa¨ªses desenvolvidos e em desenvolvimento.
Em vez disso, os Estados Unidos, o maior entre os pa¨ªses desenvolvidos, e a China, o maior dos pa¨ªses em desenvolvimento, devem encontrar uma base comum. A China e os Estados Unidos receberam os dois maiores pacotes de incentivo. Entretanto, o incentivo dos EUA baseia-se fortemente no consumo ao passo que a China procura investir na cria??o de mais capacidade. Ao longo do tempo, esse desequil¨ªbrio ¨¦ insustent¨¢vel. Os dois pa¨ªses precisar?o cooperar em um reajuste m¨²tuo enquanto se recuperam da crise ¨C mais poupan?a por meio de disciplina fiscal e de gastos nos Estados Unidos e maior consumo, servi?os para a popula??o e oportunidades para pequenas empresas na China. Seus interesses nacionais podem ser associados para fortalecer um interesse sist¨ºmico comum.
Um G-2 vigoroso dentro do G-20, que permeando linhas de desenvolvimento, podem formar a pedra angular no novo multilateralismo ¨C um multilateralismo que reconhe?a as realidades de um sistema interno gerado, n?o de na??es-estado isoladas, mas de na??es-estado unidas pela interdepend¨ºncia econ?mica.
Esse multilateralismo moderno exigir¨¢ que as pot¨ºncias econ?micas emergentes tenham mais voz ativa no modo pelo qual institui??es como o Banco Mundial e o FMI s?o administrados. Isso ¨¦ certo e inevit¨¢vel. O mundo mudou radicalmente desde que Keynes participou da confer¨ºncia de Bretton Woods em 1944. Temos que mudar com ele.
A Assembleia de Governadores do Banco Mundial deu o primeiro passo este ano com a primeira etapa de reformas para aumentar a influ¨ºncia dos pa¨ªses em desenvolvimento. A realiza??o dessas mudan?as exigir¨¢ que Estados Unidos e Europa reconsiderem antigas prerrogativas e controles. Os governos ter?o que decidir como fazer isso. Mas eu os incentivaria a serem ousados e terem vis?o de longo alcance. Os grupos interessados emergentes tamb¨¦m devem reconhecer que junto com os direitos v¨ºm as responsabilidades, inclusive o aumento da assist¨ºncia ao desenvolvimento. O reconhecimento de novas pot¨ºncias n?o deve acontecer ¨¤ custa daqueles que n?o t¨ºm poder.
A reforma est¨¢ atrasada. ? por esse motivo que alguns meses atr¨¢s solicitei ao ex-presidente Zedillo do M¨¦xico que conduzisse uma Comiss?o de Alto N¨ªvel sobre a Governan?a do Grupo Banco Mundial para fazer recomenda??es que espero que venham a fornecer uma contribui??o ¨²til ¨¤s delibera??es dos acionistas.
O desafio ¨¤ frente
Observamos ao longo das ¨²ltimas seis d¨¦cadas como os mercados podem retirar centenas de milh?es de pessoas da pobreza e, ao mesmo tempo, aumentar a liberdade. Mas vimos tamb¨¦m como a avareza desenfreada e a neglig¨ºncia podem desperdi?ar esses mesmos benef¨ªcios. No S¨¦culo XXI, precisamos de economias de mercado com fei??es humanas. Economias de mercado humanas devem reconhecer sua responsabilidade com o indiv¨ªduo e com a sociedade.
Quando Keynes proferiu seu ¨²ltimo discurso na confer¨ºncia de Bretton Woods o mundo ainda estava em guerra. No grande esquema de coisas, a not¨ªcia da cria??o de algumas institui??es obscuras n?o pareceu muito significativo, entretanto elas se tornaram os pilares da arquitetura p¨®s-guerra.
A pr¨®xima C¨²pula do G-20 re¨²ne os principais l¨ªderes de na??es. Sua a??o coordenada ¨¦ essencial: Os l¨ªderes devem reformar, desenvolver, aproveitar e utilizar as institui??es multilaterais que herdaram. Se o G-20 atuar como um Grupo de Coordena??o, as institui??es multilaterais podem ajud¨¢-lo a vencer esta crise por meio de ideias e a??es de ordem pr¨¢tica.
Enquanto aproveitamos a oportunidade oferecida pela crise de hoje, dever¨ªamos relembrar as palavras de Keynes em suas considera??es finais: ¡°Se formos capazes de prosseguir em uma tarefa maior da mesma forma que come?amos nesta tarefa limitada, existe esperan?a para o mundo.¡±