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Discursos e Transcri??es

Discurso do Presidente do Grupo Banco Mundial Jim Yong Kim - Estrat¨¦gia do Grupo Banco Mundial: Caminho para a erradica??o da pobreza

1 de outubro de 2013


Presidente do Grupo Banco Mundial Jim Yong Kim Pre-Annual Meetings Speech Washington, DC, Estados Unidos

Conforme preparado para pronunciamento

Presidente Knapp, Reitor Brown, ilustre corpo docente estudantes e convidados:

Muito agrade?o a gentileza de me receberem aqui hoje. ? para mim um privil¨¦gio estar aqui com voc¨ºs para falar sobre os desafios diante de n¨®s no mundo ¨C e como o Grupo Banco Mundial est¨¢ trabalhando para ser o mais eficiente poss¨ªvel na melhoria da vida das pessoas pobres e vulner¨¢veis.

Quando hoje olhamos para o mundo todo e quando pensamos nas quest?es mais importantes, a incerteza fiscal cont¨ªnua nos Estados Unidos nos traz uma grande preocupa??o. Nossa esperan?a ¨¦ que os formuladores de pol¨ªtica resolvam essas quest?es o quanto antes. Essa incerteza, juntamente com outras fontes de volatilidade na economia global, poderia causar s¨¦rio preju¨ªzo aos mercados emergentes e aos pa¨ªses em desenvolvimento na ?frica, ?sia e Am¨¦rica Latina, os quais tiraram milh?es de pessoas da pobreza nos ¨²ltimos anos. 

Tamb¨¦m n?o podemos deixar de focar a reviravolta que est¨¢ ocorrendo no Oriente M¨¦dio. A S¨ªria est¨¢ agora no 30? m¨ºs de guerra e o pre?o tem sido horrendo. Mais de 100.000 pessoas foram mortas, quatro milh?es de pessoas foram deslocadas e outros dois milh?es de s¨ªrios fugiram e tornaram-se refugiados em pa¨ªses vizinhos, aumentando o enorme ?nus para a Jord?nia e o L¨ªbano em particular. A luta continua na S¨ªria e o impacto de vidas desfeitas e economias destru¨ªdas apenas aumenta dia a dia.

N?o devemos desviar o nosso olhar do Oriente M¨¦dio. O Grupo Banco Mundial vem desempenhando v¨¢rios pap¨¦is importantes. ?s vezes estamos nos bastidores com diplomatas e outras vezes estamos na linha de frente com trabalhadores de ajuda humanit¨¢ria. Sempre estamos trabalhando com os governos ou empresas ou grupos da sociedade civil para ajudar a construir alicerces s¨®lidos e sustent¨¢veis para o desenvolvimento. Isso apoia a sobreviv¨ºncia de milh?es de pessoas no Oriente M¨¦dio e de outros bilh?es no mundo inteiro que aspiram a bons empregos, boa educa??o e acesso a cuidados da sa¨²de de qualidade.

Uma parte cr¨ªtica de nosso trabalho concentra-se em pa¨ªses que emergem de conflito, afetados por conflito ou presos em uma situa??o persistente de fragilidade. Como todos sabemos muito bem, quando um pa¨ªs permanece muito tempo em situa??o de fragilidade, muitas vezes surge o conflito.  O Grupo Banco Mundial e a comunidade global em geral precisam enfrentar as complexas mudan?as institucionais e sociais nesses Estados fr¨¢geis, porque o custo da ina??o ¨¦ alto e a recompensa de interven??es bem estruturadas ¨¦ grande. Se tivermos a oportunidade de construir institui??es, infraestrutura e capacidade humana em Estados fr¨¢geis ou se pudermos preparar um neg¨®cio que traga consigo o investimento do setor privado desesperadamente necess¨¢rio, devemos agir. Quando n?o conseguimos ajudar os pa¨ªses a se desenvolverem de uma forma inclusiva ou quando n?o ajudamos os pa¨ªses a constru¨ªrem uma governan?a s¨®lida, somos todos afetados pelo resultado,que ¨¦ com frequ¨ºncia um pa¨ªs mergulhado em chamas, como ¨¦ o caso da S¨ªria hoje.

Impulsores de conflitos

No Oriente M¨¦dio a maioria dos pa¨ªses experimentava um crescimento relativamente forte de 4% a 5% ao ano na d¨¦cada anterior ¨¤ Primavera ?rabe. No entanto graves problemas ocultavam-se abaixo da superf¨ªcie. Uma classe m¨¦dia jovem cada vez mais culta estava frustrada com o fato de os poucos empregos dispon¨ªveis serem reservados para quem tinha mais conex?es do que talento. O setor privado operava conseguindo privil¨¦gios do Estado, o que levou a uma forma de capitalismo clientelista que ajuda somente alguns, solapando exporta??es e empregos.

As desigualdades ¨C e a f¨²ria ¨C atingiram at¨¦ mesmo os mais jovens. Quando em 2011 milh?es de pessoas aflu¨ªram ¨¤ Pra?a Tahir no Cairo para protestar contra seu governo, os filhos dos manifestantes fizeram os pr¨®prios protestos nas salas de aula. Exigiam melhor instru??o. Isso ¨¦ o que acontece quando a prosperidade ¨¦ reservada a alguns escolhidos.  E todos os que ficam de fora sentem profundamente o ardor da desigualdade. 

As crises constantes deixaram muitos pa¨ªses do Oriente M¨¦dio com um tr¨ªplice desafio. Primeiro, restaurar a estabilidade econ?mica; segundo, reformar a pr¨®pria economia para atender ¨¤s altas expectativas das pessoas que marcharam nas ruas; e terceiro, gerenciar a transi??o para novas constitui??es e elei??es mais abertas, contestadas e multipartid¨¢rias. Esses desafios seriam intimidantes para qualquer pa¨ªs. Mas todos eles se congregaram em uma ¨²nica regi?o.  Isso torna aina mais importante que a comunidade internacional re¨²na seus recursos para apoiar esses bravos homens e mulheres que arriscaram a vida ao exigirem a dignidade humana fundamental a eles devida.

Isso tamb¨¦m torna importante hoje ajudar a Jord?nia e o L¨ªbano.  H¨¢ alguns meses o Banco Mundial proporcionou ¨¤ Jord?nia US$ 150 milh?es em ajuda de emerg¨ºncia e acabamos de concluir uma avalia??o abrangente do impacto e necessidades econ?micos e sociais do L¨ªbano, segundo a qual este pa¨ªs perdeu bilh?es de d¨®lares em consequ¨ºncia da guerra na S¨ªria.

O L¨ªbano abriga agora mais de 760.000 refugiados s¨ªrios, o que pode ser compar¨¢vel aos 56 milh?es de refugiados que entram nos Estados Unidos, 45 milh?es dos quais entraram somente em janeiro deste ano. Pensem no dist¨²rbio.  Na semana passada eu participei de uma reuni?o do Grupo de Apoio Internacional durante a Assembleia Geral das Na??es Unidas. Os doadores prometeram fundos para o pa¨ªs, mas precisamos fazer muito mais, caso contr¨¢rio correremos o risco de uma cat¨¢strofe no L¨ªbano.

Nossas duas metas

Apenas h¨¢ seis meses nossa Diretoria Executiva endossou as duas metas do Grupo Banco Mundial: a primeira ¨¦ erradicar a extrema pobreza at¨¦ 2030; a segunda ¨¦ impulsionar a prosperidade compartilhada mediante a promo??o do crescimento real da renda para os 40% da popula??o que est?o na faixa inferior.

Como isso se relaciona com a situa??o no terreno no Oriente M¨¦dio e em outros pa¨ªses pobres?  A meta de erradica??o da pobreza t¨ºm m¨¦ritos pr¨®prios como o fundamento moral de tudo o que fazemos. O fato de que mais de um bilh?o de pessoas vive com menos de US$ 1,25 por dia em 2013 ¨¦ uma mancha em nossa consci¨ºncia moral.  Devemos ajudar a tirar as pessoas da pobreza sem demora, sem preconceito, independentemente das circunst?ncias e do local.

Nossa segunda meta de impulsionar a prosperidade compartilhada ¨¦ mais complexa, mas relevante para o mundo inteiro.  Os protestos durante a Primavera ?rabe e os mais recentes na Turquia, Brasil e ?frica do Sul t¨ºm ra¨ªzes no desejo universal de participar da classe m¨¦dia global.

Hoje os l¨ªderes do mundo inteiro compreendem que impulsionar a prosperidade compartilhada para os 40% da popula??o que est?o na faixa inferior torna-se cada vez mais cr¨ªtico para assegurar a estabilidade. Grande parte do descontentamento costumava ferver por baixo da superf¨ªcie.  Mas a m¨ªdia social criou uma enorme ¡°classe m¨¦dia virtual¡±, como a chamou Thomas Friedman, a qual continuar¨¢ a golpear ¨C at¨¦ colocar abaixo ¨C a porta da oportunidade.

A li??o ¨¦ a seguinte: devemos dispensar muito mais aten??o se o crescimento atinge toda a popula??o e n?o apenas a elite. Uma forma de conseguir isso ¨¦ olhar al¨¦m do crescimento global do PIB. Precisamos monitorar diretamente o aumento da renda dos 40% da popula??o que est?o na faixa inferior.  O progresso econ?mico deve ser ambiental e financeiramente sustent¨¢vel durante gera??es.

Portanto, como a renda dos menos favorecidos pode aumentar de forma cont¨ªnua?  H¨¢ mais de um caminho para a prosperidade compartilhada. Um deles ¨¦ por meio de oportunidades econ?micas, impulsionadas por um crescimento econ?mico maior. Outro caminho ¨¦ um contrato social est¨¢vel que enfoca o aumento dos padr?es de vida dos pobres e desfavorecidos. Ambos os caminhos podem conduzir a melhores oportunidades para os cidad?os, se as sociedades se puderem tornar mais din?micas e mais produtivas com mais espa?o para a mobilidade social. Atingir a nossa primeira meta ¨C erradicar a extrema pobreza at¨¦ 2030 ¨C n?o ser¨¢ somente hist¨®rica. Ser¨¢ extraordinariamente dif¨ªcil.  Segundo estimativas de nossos economistas, hoje o n¨²mero de pessoas pobres gira em torno de um bilh?o ou menos 150 milh?es de pessoas com rela??o a 2010.

Estamos progredindo, mas nada ¨¦ garantido neste combate e ser¨¢ muito mais dif¨ªcil quanto mais nos aproximarmos da meta. O crescimento global pode ser mais lento do que as tend¨ºncias hist¨®ricas. Desastres motivados pela mudan?a clim¨¢tica podem reverter anos de desenvolvimento bem-sucedido. Os investidores podem tornar-se mais inconstantes. O financiamento de longo prazo para infraestrutura de grande necessidade ¨C que j¨¢ ¨¦ escasso ¨C pode secar. No Grupo Banco Mundial nossas duas metas obrigam-nos a produzir resultados para as pessoas. Como disse Martin Luther King, nossas metas devem ser ¡°passar do papel fino para a??o real¡±. O que faremos ¨C todos n¨®s ¨C para transformarmos nossos planos em a??o real para erradicar a pobreza?

Estrat¨¦gia do Grupo Banco Mundial

Nossa resposta ¨¦ a seguinte: pela primeira vez temos uma que reunir¨¢ todo o Grupo Banco Mundial ¨C o Banco Mundial como tal, que trabalha com governos; a IFC, nosso ramo do setor privado; e a Ag¨ºncia Multilateral de Garantia de Investimentos (MIGA) que proporciona seguros contra riscos pol¨ªticos. Esse documento foi publicado h¨¢ alguns dias. At¨¦ ent?o n?o t¨ªnhamos definido uma ±ð²õ³Ù°ù²¹³Ù¨¦²µ¾±²¹ que nos oferecesse um roteiro abrangente para orientar todas as partes de nossa institui??o ao redor de metas e princ¨ªpios comuns.

Por que isso ¨¦ importante? A burocracia ¨¤s vezes opera de formas que afastam as pessoas umas das outras. Tende a criar ¨¢reas de influ¨ºncia fechadas ao redor de si mesmas, as quais se tornam abrigos ou silos bem guardados. Eu conhe?o um pouco acerca dos silos. Cresci em Iowa e l¨¢ est?o em todas as partes. Esses silos de milho sobressaem por estarem completamente isolados, especialmente durante os longos invernos frios.  Os silos desempenham uma fun??o cr¨ªtica nas planta??es de milho de Iowa, mas n?o h¨¢ lugar para eles no Grupo Banco Mundial.

Como n¨®s ¨C ou qualquer outra grande organiza??o ¨C podemos alcan?ar nossas mais altas aspira??es de servir aos pobres se trabalharmos em v¨¢rios silos? Precisamos conectar as mentes brilhantes de nossa institui??o para que seu conhecimento experimental possa fluir livremente.

A ±ð²õ³Ù°ù²¹³Ù¨¦²µ¾±²¹ do Grupo Banco Mundial baseia-se na convic??o de que toda a organiza??o trabalhar¨¢ e em conjunto como um todo ininterrupto para alcan?ar as metas que nos inspiram. E sabemos que, para termos qualquer possibilidade de ¨ºxito, devemos ser seletivos ¨C primeiro, devemos escolher nossas prioridades e depois abandonar as atividades para as quais n?o nos qualificamos.

O que vamos deixar de fazer? N?o continuaremos a trabalhar nas ¨¢reas em que outros s?o melhores. N?o participaremos de projetos com o prop¨®sito ¨²nico de cumprir as metas de volume para o ano. N?o empreendermos projetos simplesmente para fincar nossa bandeira no solo. E n?o toleraremos um comportamento que promova interesses individuais em oposi??o ao bem comum.

Quais s?o ent?o os nossos princ¨ªpios?

Asseguraremos que todas as nossas atividades enfoquem incansavelmente nossas duas metas.

N¨®s nos tornaremos melhores parceiros de outros para podermos em conjunto alcan?ar essas metas.

Seremos audaciosos.

Assumiremos riscos ¨C riscos inteligentes.. Com isso quero dizer que investiremos em projetos que transformem o desenvolvimento de um pa¨ªs ou regi?o ¨C mesmo que isso signifique que possamos fracassar

N¨®s nos destacaremos em proporcionar solu??es locais utilizando nossos conhecimentos globais e assegurando que estejam dispon¨ªveis aos pa¨ªses e empresas que dele necessitarem.

Tiraremos proveito de nossa vasta experi¨ºncia na lideran?a de pr¨¢ticas globais de vanguarda em quest?es tais como educa??o, sa¨²de, infraestrutura, energia e recursos h¨ªdricos.

 Sempre procuraremos oportunidades para ajudar os pa¨ªses a investirem na pr¨®pria popula??o. Precisamos ajudar os pa¨ªses a se tornarem mais competitivos e uma forma poderosa de fazer isso ¨¦ investir na educa??o, sa¨²de e capacita??o profissional de seus cidad?os.

E nos empenharemos em criar ferramentas financeiras inovadoras que possam abrir novas oportunidades de financiamento de longo prazo de que os pa¨ªses desesperadamente necessitam. 

Tornando nossa ±ð²õ³Ù°ù²¹³Ù¨¦²µ¾±²¹ uma realidade

Nossa ±ð²õ³Ù°ù²¹³Ù¨¦²µ¾±²¹ prop?e que nos tornemos um Banco de Solu??es com resultados para as pessoas de baixa renda como nossa refer¨ºncia central.  Tr¨ºs elementos da ±ð²õ³Ù°ù²¹³Ù¨¦²µ¾±²¹ merecem destaque:

Primeiro, faremos parceria com o setor privado para usar sua experi¨ºncia e capital no combate ¨¤ pobreza.  Isso reveste import?ncia especial na cria??o de bons empregos para os pobres.

Segundo, aumentaremos nosso compromisso com Estados fr¨¢geis e afetados por conflitos, exigindo que sejamos mais audaciosos, corramos mais riscos e comprometamos mais recursos.

E terceiro, seremos o mais ambiciosos poss¨ªvel em quest?es de import?ncia global, inclusive investindo em mulheres e meninas e combatendo a mudan?a clim¨¢tica. Nossa resposta ¨¤ mudan?a clim¨¢tica, por exemplo, deve ser suficientemente corajosa para se igualar ao escopo do problema.

Gera??o de bons empregos

Quanto ao primeiro elementos, uma das prioridades mais altas do Grupo Banco Mundial ser¨¢ ajudar a criar empregos. Qual a forma mais eficaz de ajudarmos as regi?es e pa¨ªses a se posicionarem para o crescimento liderado pelo setor privado? O escopo do desafio ¨¦ intimidador ¨C o mundo precisa criar 600 milh?es de novos empregos na pr¨®xima d¨¦cada.

Um caminho cr¨ªtico para os pobres sa¨ªrem da pobreza ¨¦ por meio de uma conex?o aberta e transparente aos mercados local e global. Esse acesso pode liberar o potencial empresarial entre milh?es de pessoas de baixa renda.

Por exemplo, a Ecom, um dos clientes da IFC, conecta produtores de cacau, caf¨¦ e algod?o em mais de 30 pa¨ªses aos mercados globais.  No ano passado a Ecom ajudou mais de 134.000 agricultores e milhares mais por meio de organiza??es de agricultores.

Estamos tamb¨¦m expandindo nosso grupo de parceiros para incluir os que s?o pioneiros em novos modelos de neg¨®cios.  H¨¢ apenas duas semanas eu me reuni com Jack Ma, fundador da Alibaba, empresa chinesa que, entre outras coisas, foi respons¨¢vel pela entrega de 60% dos 8,8 bilh?es de pacotes enviados por correio na China no ano passado. Ele me mostrou os seus sapatos de lona preta, fabricados por uma mulher em uma pequena aldeia da China. Alibaba conseguiu fazer os pre?os baixarem tanto que essa mulher p?de comercializar seus sapatos e envi¨¢-los a qualquer parte da China a um pre?o melhor do que o das sapatarias locais. Em apenas alguns anos Alibaba promoveu a cria??o ou crescimento de mais de seis milh?es de pequenas e m¨¦dias empresas na China.

Este ¨¦ um exemplo de um modelo de neg¨®cio transformacional. Mas h¨¢ muitos ambientes dos quais Alibaba e outras empresas mant¨ºm dist?ncia. N¨®s, no Banco Mundial servimos como assessores confi¨¢veis do setor privado e com frequ¨ºncia isso significa que seremos os primeiros a nos aventurar em um ambiente arriscado a fim de que outros se sintam mais ¨¤ vontade para investir. Sabemos que h¨¢ v¨¢rios trilh?es de d¨®lares gerenciados por fundos de riqueza soberana e por investidores institucionais; grande parte desse dinheiro est¨¢ parado no banco de reservas de fundos de baixo desempenho. Assim trabalharemos ativamente para encontrar novos meios de atrair esses fundos privados aos projetos dos pa¨ªses em desenvolvimento. Um exemplo recente foi o nosso lan?amento do Programa de Carteira de Coempr¨¦stimo Gerenciado na China. O Governo chin¨ºs concordou em investir US$ 3 bilh?es, juntamente com a IFC; outros pa¨ªses est?o expressando interesse em unir-se ao programa.

Uma prioridade no caso dos Estados fr¨¢geis

Este segundo exemplo de nossa ±ð²õ³Ù°ù²¹³Ù¨¦²µ¾±²¹ inclui nosso compromisso de assumir riscos em alguns dos lugares mais atribulados do mundo: Estados fr¨¢geis e afetados por conflitos.

No in¨ªcio deste ano o Secret¨¢rio-Geral da ONU Ban Ki-moon e eu viajamos ¨¤ regi?o dos Grandes Lagos da ?frica para apoiar a Estrutura de Paz, Seguran?a e Coopera??o, assinada por 11 pa¨ªses.  Essa regi?o permanece em situa??o de guerra h¨¢ mais de duas d¨¦cadas e os grupos rebeldes do leste do Congo come?aram uma nova batalha alguns dias antes de nossa chegada. Mas duas horas antes de aterrissarmos em Goma os grupos tinham proposto cessar-fogo. Apesar da tens?o, multid?es de pessoas, na maior parte mulheres, ladeavam os caminhos da sede da ONU ao hospital local. Aplaudiam nosso comboio.  Mas tamb¨¦m erguiam bem alto cartazes que falavam do profundo trauma que estavam sofrendo. Nunca me esquecerei do cartaz de uma mulher. Dizia simplesmente: Ponham fim ao estupro. E ela tem raz?o.

Precisamos agir muito mais rapidamente, mais urgentemente, para levar dividendos da paz aos pa¨ªses que emergem de anos de conflito. Sabemos que n?o ¨¦ poss¨ªvel haver desenvolvimento sem paz. Mas muitas vezes nos esquecemos de que a paz n?o ser¨¢ duradoura sem o desenvolvimento. Na regi?o dos Grandes Lagos agimos rapidamente para reunir um pacote adicional de assist¨ºncia de US$ 1 bilh?o para ajudar a regi?o. Pouco depois de nossa visita a Diretoria Executiva do Banco Mundial aprovou US$ 340 milh?es para ajudar a financiar o projeto hidrel¨¦trico nas correntezas das Quedas de Resumo para levar energia el¨¦trica a milh?es de pessoas.

Hoje eu me comprometo a aumentar significativamente o nosso apoio aos Estados fr¨¢geis e afetados por conflitos. Espero aumentar a parcela do financiamento principal da AID ¨C o fundo do Banco Mundial para os mais pobres ¨C aos Estados fr¨¢geis em cerca de 50% nos pr¨®ximos tr¨ºs anos.  A IFC, nosso ramo do setor privado, tamb¨¦m se comprometer¨¢ a intensificar seu apoio aos Estados fr¨¢geis em 50% no curso dos pr¨®ximos tr¨ºs anos.

O desafio da mudan?a clim¨¢tica

O terceiro e ¨²ltimo exemplo de nossa ±ð²õ³Ù°ù²¹³Ù¨¦²µ¾±²¹ est¨¢ diretamente relacionado com a nossa meta de prosperidade compartilhada. Compartilhada significa n?o somente assegurar que as pessoas no estrato inferior fa?am parte do processo de crescimento, mas tamb¨¦m que o crescimento n?o se concretize ¨¤s custas das gera??es futuras.  Precisamos compartilhar o planeta e seus recursos com nossos filhos, netos e bisnetos e isso significa que devemos ter um plano audacioso para combater a mudan?a clim¨¢tica.

 A mudan?a clim¨¢tica representa uma amea?a fundamental para o desenvolvimento em nossa vida. Tem o potencial de colocar a prosperidade fora do alcance de milhares de pessoas.  Todas as regi?es do mundo ser?o afetadas e as pessoas menos capazes de se adaptarem ¨C os pobres e os mais vulner¨¢veis ¨C ser?o os mais atingidos.  Para erradicarmos a extrema pobreza precisamos construir comunidades resilientes e mitigar os choques como desastres clim¨¢ticos, de forma que os pobres possam obter ganhos em sua vida ¨C e manter esses ganhos no longo prazo.

Enfrentar a mudan?a clim¨¢tica n?o ¨¦ um esfor?o que os governos possam envidar sozinhos.  Precisamos de uma resposta que re¨²na governos, setor privado, sociedade civil e indiv¨ªduos, seguindo um plano coordenado e ambicioso.  Podemos ajudar de muitas formas, mas talvez a forma mais produtiva seja ressaltar os custos crescentes da mudan?a clim¨¢tica e mobilizar o financiamento clim¨¢tico proveniente dos setores p¨²blico e privado. 

Os custos econ?micos de eventos clim¨¢ticos extremos s?o impressionantes. Inunda??es em cidades do litoral custam hoje US$ 6 bilh?es por ano, mas podem chegar a US$ 1 trilh?o por ano em 2050.   Investir US$ 50 bilh?es por ano na prote??o evitaria esses custos e liberaria US$ 950 bilh?es por ano para investir em melhores escolas, hospitais e redes de seguran?a social.

Hoje estou comprometendo o Grupo Banco Mundial a direcionar uma parcela maior do nosso pr¨®prio financiamento para esse combate e tamb¨¦m para colaborar com nossos parceiros interessados em trabalhar seriamente na solu??o deste problema.

A energia limpa ¨¦ o nosso ponto de partida.  Reuniremos conhecimentos, melhores pr¨¢ticas e apoio financeiro para os pa¨ªses abordarem os custos elevados e as barreiras das pol¨ªticas com vistas ¨¤ ado??o de solu??es de energia mais limpa. Estamos a caminho de concluir o mapeamento de recursos de energia renov¨¢vel em pelo menos 10 pa¨ªses nos pr¨®ximos tr¨ºs anos. Possibilitaremos reformas de subs¨ªdios de energia em pelo menos 12 pa¨ªses e trabalharemos com parceiros na cria??o de novos modelos de neg¨®cios de prepara??o de alimentos e ilumina??o que utilizem tecnologias de microrredes em r¨¢pido progresso.  Eu tamb¨¦m gostaria de ver pelo menos 10.000 megawatts de capacidade adicional instalada com nosso apoio direto em tr¨ºs anos ¨C o equivalente a toda a capacidade instalada no Peru.

Conclus?o

Podemos alcan?ar nossas metas de erradicar a pobreza, impulsionar a prosperidade compartilhada e dividir essa prosperidade com gera??es futuras ¨C mas somente se trabalharmos juntos com um sentido totalmente diferente de urg¨ºncia. Como mencionei anteriormente, devemos construir um movimento social para erradicar a pobreza. Isso significa que precisamos da ajuda de todos voc¨ºs aqui presentes ou que est?o assistindo ¨¤ transmiss?o pela Internet ou que nos est?o ouvindo por meio do Facebook ou Twitter.

H¨¢ apenas seis meses a Assembleia de Governadores do Grupo Banco Mundial lan?ou os fundamentos de um movimento social endossando as nossas duas metas e declarando que podemos erradicar a extrema pobreza at¨¦ 2030. Agora estamos vendo que h¨¢ interesse em todas as partes. L¨ªderes pol¨ªticos, incluindo o Presidente Obama e o Primeiro-Ministro do Reino Unido David Cameron, est?o propondo a erradica??o da pobreza. L¨ªderes de grupos religiosos est?o  propondo a erradica??o da pobreza. A One Campaign, Oxfam, Save the Children, RESULTS e muitos outros grupos da sociedade civil est?o propondo a erradica??o da pobreza. L¨ªderes de grupos religiosos est?o propondo a erradica??o da pobreza.

Neste ¨²ltimo fim de semana 60.000 pessoas reuniram-se no Grande Gramado do Central Park para assistirem ao Festival de Cidad?os Globais cuja meta comum foi pobreza zero at¨¦ 2030.  Pe?o a todos os presentes aqui hoje: unam-se a este movimento. Levem-no adiante. H¨¢ muitas coisas que todos podem fazer ¨C e uma delas pode ser feita de onde est?o sentados agora mesmo usando o pr¨®prio smartphone: basta fazer o login no website Global Poverty Project ¨C www.zeropoverty2030.org, that¡¯s www.zeropoverty2030.org ¨C e assinar uma peti??o para erradicar a pobreza em uma gera??o. Digam aos l¨ªderes mundiais que se trata de uma quest?o de import?ncia fundamental para voc¨ºs.

Nossas metas s?o claras no Grupo Banco Mundial. Erradicar a extrema pobreza at¨¦ 2030.  Impulsionar a prosperidade e assegurar que seja compartilhada com os  40% da popula??o que est?o na faixa inferior e com as gera??es futuras. Temos uma oportunidade hist¨®rica para mudar o caminho da hist¨®ria e nos comprometermos a fazer alguma coisa que outras gera??es apenas sonharam fazer. No concerto no Central Park eu chamei Nico, meu filho de quatro anos, para se unir a mim no palco. Foi uma forma de tornar tang¨ªvel essa meta. Quando Nico tiver a minha altura e estiver no ¨²ltimo ano da universidade como alguns de voc¨ºs, poderemos entregar a ele e seus colegas um mundo livre da extrema pobreza.

Esta ¨¦ a quest?o moral premente de nosso tempo.  N?o podemos deixar que um bilh?o de pessoas sofram na extrema pobreza quando dispomos das ferramentas e dos recursos para mudar a vida delas para melhor. N?o podemos deixar que sejam negadas as oportunidades de emprego, sa¨²de e educa??o aos 40% da popula??o que est?o na faixa inferior.  Podemos fazer melhor. Precisamos fazer melhor, por Nico, por todas as crian?as de quatro anos de idade do mundo inteiro e para todas as futuras gera??es.  Para solucionar alguns problemas como a mudan?a clim¨¢tica, o tempo urge. Mas para citar Martin Luther King novamente, sempre ¨¦ chegada a hora de fazer o que ¨¦ certo.  Agora ¨¦ a hora e n¨®s somos o povo.  Vamos fazer isso acontecer.

Muito obrigado.



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