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COMUNICADO ? IMPRENSA 2 de maio de 2018

Objectivos globais de energia: progresso lento, mas com experi¨ºncias promissoras em alguns pa¨ªses

LISBOA, 2 de Maio de 2018¡ª O mundo n?o est¨¢ no bom caminho para cumprir os objectivos globais da energia para 2030, definidos como parte dos Objectivos de Desenvolvimento Sustent¨¢vel, mas est¨¢ a ser feito um progresso real em determinadas ¨¢reas, em particular na expans?o do acesso ¨¤ electricidade nos pa¨ªses menos desenvolvidos, e efici¨ºncia da energia industrial, de acordo com um de cinco ag¨ºncias internacionais.  

As energias renov¨¢veis est?o a conquistar ganhos significativos no sector da electricidade, mas tais avan?os n?o est?o a acontecer nos transportes e no aquecimento, dois sectores que, em conjunto, representam 80% do consumo global de energia.

Se bem que as tend¨ºncias globais sejam decepcionantes, experi¨ºncias nacionais recentes em todo o mundo d?o sinais encorajadores. H¨¢ ind¨ªcios crescentes de que com as abordagens e pol¨ªticas certas, os pa¨ªses podem fazer progressos substanciais em energias limpas e no acesso ¨¤ energia e melhorar as vidas de milh?es de pessoas.

lan?ado hoje no F¨®rum Energia Sustent¨¢vel para Todos, ¨¦ a an¨¢lise mais abrangente que existe do progresso mundial com vista aos objectivos globais da energia em mat¨¦ria de acesso a electricidade, combust¨ªveis limpos para cozinhar, energia renov¨¢vel e efici¨ºncia energ¨¦tica.

Apresentam-se a seguir algumas das principais conclus?es do relat¨®rio. As conclus?es baseiam-se em dados oficiais a n¨ªvel nacional e medem o progresso global at¨¦ 2015 em termos de energia renov¨¢vel e de efici¨ºncia energ¨¦tica, e at¨¦ 2016 de acesso a electricidade e combust¨ªveis limpos para cozinhar.

Acesso ¨¤ Electricidade

  • H¨¢ mil milh?es de pessoas ¨C ou 13% da popula??o mundial ¨C que ainda vivem sem electricidade. A ?frica Subsariana e a ?sia Central e Austral continuam a ser as ¨¢reas do mundo com os maiores d¨¦fices de acesso. Cerca de 87% da popula??o mundial sem electricidade vive em ¨¢reas rurais.
  • O n¨²mero de pessoas que conseguem acesso ¨¤ energia tem aumentado a partir de 2010, mas precisa de crescer mais rapidamente para se alcan?ar o acesso universal ¨¤ electricidade em 2030. Se as tend¨ºncias actuais continuarem, estima-se que 674 milh?es de pessoas ainda vivam sem electricidade em 2030.
  • Alguns dos ganhos mais significativos realizaram-se no Bangladesh, Eti¨®pia, Qu¨¦nia e Tanz?nia, tendo todos aumentado a taxa de acesso ¨¤ electricidade em 3% ou mais, ao ano, entre 2010 e 2016. Durante o mesmo per¨ªodo, a ?ndia forneceu electricidade a 30 milh?es de pessoas anualmente, mais do que qualquer outro pa¨ªs. O d¨¦fice de electrifica??o da ?frica Subsariana come?ou a cair, em termos absolutos, pela primeira vez.
  • Dezenas de milh?es de pessoas t¨ºm agora acesso a electricidade atrav¨¦s de sistemas solares dom¨¦sticos ou da liga??o a mini-redes. Contudo, estes continuam concentrados em cerca de uma d¨²zia de pa¨ªses pioneiros, onde a penetra??o da electricidade solar pode alcan?ar 5% a 15% da popula??o.

Combust¨ªveis Limpos para Cozinhar

  • Tr¨ºs mil milh?es de pessoas ¨C ou mais de 40% da popula??o mundial ¨C n?o t¨ºm acesso a tecnologias e combust¨ªveis limpos para cozinhar. A polui??o do ar nas resid¨ºncias, resultante da queima de biomassa para cozinhar e para fins de aquecimento, ¨¦ respons¨¢vel por aproximadamente 4 milh?es de mortes anuais, sendo as mulheres e as crian?as as mais amea?adas.    
  • Em certas partes da ?sia, o acesso a combust¨ªveis limpos para cozinhar ultrapassou o crescimento da popula??o. Estes resultados positivos foram em grande medida impulsionados pela difus?o generalizada do GLP ou g¨¢s natural canalizado. Na ?ndia, Paquist?o, Indon¨¦sia e Vietname, a popula??o com acesso a tecnologias de combust¨ªveis limpos para cozinhar registou um crescimento anual de 1% acima do da sua popula??o.
  • Na ?frica Subsariana, contudo, o crescimento da popula??o nos ¨²ltimos anos ultrapassou o n¨²mero de pessoas que obt¨ºm acesso a tecnologias limpas para cozinhar na propor??o de quatro para um.
  • O mais atrasado de todos os quatro objectivos para a energia continua a ser os combust¨ªveis limpos para cozinhar, devido ¨¤ fraca sensibiliza??o dos consumidores, aos d¨¦fices de financiamento, ao fraco progresso tecnol¨®gico e ¨¤ aus¨ºncia de infra-estruturas para a produ??o e distribui??o de combust¨ªveis. Se a actual traject¨®ria se mantiver, 2 300 milh?es de pessoas continuar?o a usar os m¨¦todos tradicionais para cozinhar em 2030. 

Efici¨ºncia Energ¨¦tica

  • H¨¢ ind¨ªcios crescentes de uma dissocia??o entre o crescimento e a utiliza??o de energia. O Produto Interno Bruto (PIB) global aumentou quase duas vezes mais do que o abastecimento de energia prim¨¢ria em 2010-15. O crescimento econ¨®mico ultrapassou o aumento da utiliza??o de energia em todas as regi?es, ¨¤ excep??o da ?sia Ocidental, onde o PIB est¨¢ fortemente associado ¨¤s ind¨²strias com uso intensivo de energia e em todos os grupos de rendimento. No entanto, o progresso continua lento nos pa¨ªses de baixo rendimento, onde a intensidade energ¨¦tica ¨¦ superior ¨¤ m¨¦dia global.
  • Globalmente, a intensidade energ¨¦tica, que ¨¦ a rela??o entre o consumo de energia e a unidade do PIB, caiu a um ritmo acelerado de 2,8% em 2015, o decl¨ªnio mais r¨¢pido desde 2010. Este facto melhorou a m¨¦dia de decl¨ªnio anual da intensidade energ¨¦tica para 2,2% no per¨ªodo 2010-2015. Mas o desempenho ainda est¨¢ aqu¨¦m da redu??o anual de 2,6% pretendida para cumprir o objectivo ODS7 de duplica??o da taxa global de melhoria da intensidade energ¨¦tica em 2030.
  • A melhoria da intensidade energ¨¦tica na ind¨²stria, para 2,7% ao ano desde 2010, foi especialmente encorajadora, j¨¢ que se trata do sector com mais consumo de energia a n¨ªvel mundial. O progresso no sector dos transportes foi mais modesto, em particular no transporte de mercadorias, sendo um especial desafio para os pa¨ªses de rendimento elevado. Nos pa¨ªses de rendimento m¨¦dio e baixo, a intensidade energ¨¦tica do sector residencial tem vindo a aumentar desde 2010.
  • Seis dos 20 pa¨ªses que representam 80% da oferta total de energia a n¨ªvel mundial, incluindo o Jap?o e os EUA, reduziram o seu fornecimento anual de energia entre 2010-15, continuando simultaneamente a aumentar o PIB, o que indica um pico no consumo de energia. Entre as economias em desenvolvimento de maior intensidade energ¨¦tica, destacaram-se a China e a Indon¨¦sia ao apresentar uma melhoria anual superior a 3%.

Energias Renov¨¢veis

  • A partir de 2015, o mundo obtinha 17,5% do seu consumo final total de energia de fontes renov¨¢veis, sendo 9,6% representado por formas modernas de energias renov¨¢veis, como por exemplo, a geot¨¦rmica, hidroel¨¦ctrica, solar e e¨®lica. As utiliza??es tradicionais de biomassa (como lenha e carv?o) perfazem o restante.
  • Com base nas pol¨ªticas actuais, espera-se que a quota de energia renov¨¢vel atinja apenas 21% em 2030, com as energias renov¨¢veis modernas a crescerem at¨¦ 15%, muito abaixo do grande aumento exigido pelo objectivo de desenvolvimento sustent¨¢vel 7 (ODS7).
  • Os custos cada vez mais baixos permitiram que a energia e¨®lica e solar competissem com as fontes convencionais de produ??o de energia em v¨¢rias regi?es, impulsionando o crescimento da quota de renov¨¢veis na electricidade para 22,8% em 2015. Mas a electricidade representava apenas 20% do consumo final total de energia nesse ano, real?ando a necessidade de se acelerar o progresso nos transportes e aquecimento.
  • A percentagem de energia renov¨¢vel nos transportes est¨¢ a aumentar rapidamente, mas de uma base muito baixa, chegando apenas a 2,8% em 2015. A utiliza??o de energia renov¨¢vel para fins de aquecimento praticamente n?o aumentou nos ¨²ltimos anos, tendo ficado em 24,8% em 2015, dos quais um ter?o era proveniente de utiliza??es modernas.
  • A partir de 2010, s¨® o progresso registado pela China nas energias renov¨¢veis era respons¨¢vel por cerca de 30% do crescimento absoluto do consumo mundial de energia renov¨¢vel em 2015. O Brasil foi o ¨²nico pa¨ªs, entre os 20 maiores consumidores de energia, a ultrapassar consideravelmente a m¨¦dia global da percentagem de renov¨¢veis em todas as utiliza??es finais: electricidade, transportes e aquecimento. A percentagem do Reino Unido de energia renov¨¢vel no consumo total final de energia aumentou em 1% ao ano, em m¨¦dia, desde 2010, superior a cinco vezes mais a m¨¦dia global.

Acompanhar o ODS7: O Relat¨®rio sobre os Progressos em Energias ¨¦ um esfor?o conjunto da Ag¨ºncia Internacional da Energia (AIE), Ag¨ºncia Internacional para as Energias Renov¨¢veis (IRENA), Divis?o de Estat¨ªstica das Na??es Unidas (UNSD), Banco Mundial e Organiza??o Mundial de Sa¨²de (OMS).

¡°? ¨®bvio que o sector da energia tem de estar no centro de qualquer esfor?o para conduzir o mundo a uma via mais sustent¨¢vel¡±, disse o Dr Fatih Birol, Director Executivo da Ag¨ºncia Internacional de Energia (AIE). ¡°H¨¢ uma necessidade urgente de ac??o em todas as tecnologias, em especial as renov¨¢veis e a efici¨ºncia energ¨¦tica, que s?o essenciais para que se cumpram tr¨ºs objectivos fundamentais: acesso a energia, mitiga??o das altera??es clim¨¢ticas e redu??o da polui??o do ar. A AIE est¨¢ empenhada em liderar esta agenda e em trabalhar com pa¨ªses de todo o mundo para apoiar as transi??es para energias limpas¡±.  

¡°A queda dos pre?os, melhorias tecnol¨®gicas e quadros legais favor¨¢veis est?o a alimentar um crescimento sem precedentes da energia renov¨¢vel, facto que est¨¢ a expandir o acesso ¨¤ energia, a melhorar os resultados da sa¨²de e a ajudar a enfrentar as altera??es clim¨¢ticas, criando ao mesmo tempo empregos e impulsionando o crescimento econ¨®mico sustent¨¢vel¡±, afirmou o Director Geral da IRENA, Adnan Z. Amin. ¡°Ao mesmo tempo, este relat¨®rio de acompanhamento ¨¦ um sinal importante de que temos de ser mais ambiciosos no que toca a aproveitar o poder da energia renov¨¢vel para cumprir as metas de desenvolvimento e clima sustent¨¢veis e tomar mais medidas deliberadas para alcan?ar um futuro energ¨¦tico sustent¨¢vel¡±.

¡°Este relat¨®rio pormenorizado, descrevendo o progresso alcan?ado at¨¦ ao momento no ODS7, atesta a colabora??o das cinco ag¨ºncias internacionais no fornecimento de dados abrangentes e de qualidade e na transmiss?o de uma mensagem comum sobre o progresso no sentido de assegurar o acesso de todos ¨¤ energia moderna, econ¨®mica, fi¨¢vel e sustent¨¢vel¡± , comentou Stefan Schweinfest, Director da Divis?o de Estat¨ªstica das Na??es Unidas (DESA). ¡°Mas ainda ¨¦ preciso melhorar os sistemas estat¨ªsticos que recolhem informa??es sobre energia nesses pa¨ªses onde as quest?es energ¨¦ticas mais prementes ainda est?o por resolver. S?o necess¨¢rios dados melhores para informar com rigor as pol¨ªticas, em especial nos pa¨ªses em desenvolvimento, nos pa¨ªses menos desenvolvidos e nos pa¨ªses em desenvolvimento sem acesso ao mar e nos pequenos estados insulares em desenvolvimento. Para tal, s?o essenciais investimentos em sistemas estat¨ªsticos da energia¡±.

¡°A experi¨ºncia dos pa¨ªses que aumentaram substancialmente o n¨²mero de pessoas com electricidade num curto espa?o de tempo acalenta a esperan?a de que podemos alcan?ar os mil milh?es de pessoas que ainda vivem sem energia¡±, afirmou Riccardo Puliti, Director S¨¦nior de Energia e Ind¨²strias Extractivas do Banco Mundial. ¡°Sabemos que com as pol¨ªticas certas, o recurso a solu??es tanto dentro da rede el¨¦ctrica como fora dela, estruturas de financiamento bem desenhadas e a mobiliza??o do sector privado, podem obter-se ganhos enormes em apenas alguns anos. Por seu turno, isto est¨¢ a ter impactos positivos reais nas perspectivas de desenvolvimento e na qualidade de vida de milh?es de pessoas¡±.

¡°? inaceit¨¢vel que, em 2018, 3 mil milh?es de pessoas ainda respirem todos os dias fumos mortais por cozinharem com combust¨ªveis e fog?es poluentes. Todos os anos, a polui??o do ar das casas mata cerca de 4 milh?es de pessoas que morrem de doen?as que incluem a pneumonia, doen?a card¨ªaca, derrame, doen?a pulmonar e cancro¡±, disse a Dra Maria Neira, Directora do Departmento da Sa¨²de P¨²blica, Determinantes Ambientais e Sociais da Sa¨²de, na Organiza??o Mundial de Sa¨²de (OMS). ¡°Ao expandir o acesso ¨¤ energia dom¨¦stica limpa e econ¨®mica, a comunidade global tem o poder de eliminar um impacto terr¨ªvel na sa¨²de para milh?es de pessoas marginalizadas, em particular mulheres e crian?as, que enfrentam os maiores riscos para a sa¨²de decorrentes da polui??o do ar nas suas casas¡±.

¡°Quando fazemos um balan?o do progresso no sentido do objectivo global em mat¨¦ria de energia sustent¨¢vel, estes ¨²ltimos dados mostram, sem qualquer d¨²vida, que h¨¢ necessidade de mais ac??o e de lideran?a pol¨ªtica, se quisermos cumprir a nossa promessa de n?o excluir ningu¨¦m¡±, disse Rachel Kyte, Representante Especial do Secret¨¢rio-geral das Na??es Unidas e CEO de Energia Sustent¨¢vel para Todos. ¡°Para cumprir as metas de 2030, temos de fazer com que cada unidade de energia funcione melhor. Temos de aumentar o investimento em tecnologias e modelos de neg¨®cio que tornem o acesso ¨¤ electricidade mais econ¨®mico para todos, apostar ainda mais na extraordin¨¢ria capacidade da energia renov¨¢vel e criar grandes mercados de combust¨ªveis limpos e acesso a combust¨ªveis limpos para cozinhar. Os l¨ªderes mundiais comprometeram-se a n?o deixar ningu¨¦m de fora, um aspecto fulcral dos Objectivos de Desenvolvimento Sustent¨¢vel, e agora ¨¦ o momento de essa promessa se tornar realidade.¡±

? a quarta edi??o deste relat¨®rio, anteriormente conhecido por Quadro de Acompanhamento Global (GTF). O relat¨®rio pode ser descarregado em . O financiamento do relat¨®rio foi fornecido pelo Programa de Assist¨ºncia ¨¤ Gest?o do Sector da Energia (ESMAP) do Banco Mundial.

Para mais informa??es, ¨¦ favor visitar: www.worldbank.org/energy

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COMUNICADO ? IMPRENSA N? 2018/153/Energy

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