O sonho de Ricardinho Nunes, 51 anos, morador do povoado Apinaj¨¦, em S?o Val¨¦rio, Tocantins, era deixar de ser balseiro. Ele conseguiu e sentiu um enorme al¨ªvio.
Por sete anos, o trabalho dele consistiu em conduzir a balsa que levava de uma margem ¨¤ outra do Rio Manoel Alves, levando gente e carga entre os munic¨ªpios de S?o Val¨¦rio e Santa Rosa do Tocantins. A embarca??o, puxada somente por um cabo, estava sujeita ¨¤s enchentes e secas do rio, tornando a travessia perigosa para todos. ¡°Eram muitas vidas dependendo de mim. Crian?as, idosos, gente que n?o sabia nadar. Eu via a hora em que aquilo iria quebrar e causar uma coisa pior¡±, lembra-se. V¨¢rias vezes ele trabalhou fora do hor¨¢rio para atravessar pessoas que precisassem de atendimento m¨¦dico na madrugada.
A outra op??o, caso n?o fosse poss¨ªvel pegar a balsa, era dar uma volta de 180km entre os dois munic¨ªpios, algo que tomava mais tempo e encarecia a log¨ªstica dos produtores rurais da regi?o. Por isso, a ponte sobre o Manoel Alves era um pedido antigo de toda a comunidade. ¡°At¨¦ os balseiros queriam, mesmo que isso significasse perder o emprego¡±, Ricardinho conta. Depois de reivindicar por 50 anos, os moradores viram a inaugura??o .
A ponte de concreto, de 150 metros, fez parte do Projeto de Desenvolvimento Regional Integrado e Sustent¨¢vel do Tocantins (PDRIS), do governo do estado, apoiado pelo Banco Mundial. O projeto investiu US$ 282 milh?es em sete ¨¢reas: transportes, educa??o, agricultura, meio ambiente, turismo, recursos h¨ªdricos e melhoria da gest?o p¨²blica. ¡°Foram 718 atividades ao longo de nove anos¡±, lembra Mauricio Fregonesi, gerente do projeto no governo do Tocantins.
¡°Por meio do PDRIS, foram melhorados 2.200km de rodovias estaduais. O projeto tamb¨¦m realizou obras como galerias, viadutos, bueiros e pontes para complementar a acessibilidade da popula??o de 72 munic¨ªpios. No total, foram 2300 obras, que tornaram acess¨ªveis at¨¦ 5500km de rodovias vicinais no Tocantins¡±, enumera Carlos Bellas, especialista em Transportes no Banco Mundial.
Ricardinho deixou de ser balseiro, mas n?o ficou sem emprego. Como servidor da Prefeitura de S?o Val¨¦rio, ele foi transferido e passou a fazer servi?os de limpeza nas escolas e nos terrenos do munic¨ªpio. ¡°N?o ¨¦ um trabalho leve, mas tenho muito menos preocupa??es¡±, comemora.