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REPORTAGEM28 de mar?o de 2024

Priorizar a agricultura angolana para desbloquear a diversifica??o econ¨®mica

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Ana Jos¨¦ e o seu marido, Jos¨¦ Manuel Domingos, s?o propriet¨¢rios da Fazenda Anjomal, na Prov¨ªncia de Malanje. Foto: Wilson Piassa / Banco Mundial

Ana Jos¨¦ e o seu marido, Jos¨¦ Manuel Domingos, s?o propriet¨¢rios da Fazenda Anjomal, na Prov¨ªncia de Malanje. Foto: Wilson Piassa / Banco Mundial

Apesar da sua vasta terra ar¨¢vel e dos enormes recursos h¨ªdricos, Angola continua a importar a maior parte dos seus g¨¦neros aliment¨ªcios. Em 2022, de acordo com dados do Banco Nacional, Angola gastou cerca de 3 mil milh?es de d¨®lares em importa??es de alimentos.

No entanto, nos ¨²ltimos cinco anos, o governo angolano deu prioridade ao sector agr¨ªcola e tem vindo a promover o agroneg¨®cio com vista a reduzir a sua depend¨ºncia dos mercados externos para o abastecimento alimentar.

Uma dessas iniciativas ¨¦ o , cofinanciado pelo Banco Mundial e pela Ag¨ºncia Francesa de Desenvolvimento. O projeto visa incentivar os empr¨¦stimos banc¨¢rios ¨¤ agricultura, ajudando os produtores e as Pequenas e M¨¦dias Empresas (PME) a preparar e financiar investimentos no sector agr¨ªcola, assist¨ºncia t¨¦cnica necess¨¢ria, subven??es e redu??o do risco atrav¨¦s de garantias parciais de cr¨¦dito. O apoio est¨¢ a contribuir para a transi??o de uma agricultura de subsist¨ºncia para um sector agr¨ªcola no pa¨ªs competitivo e mais orientado para o mercado.

Durante a nossa visita ¨¤s prov¨ªncias de Malanje, Kwanza Sul e Kwanza Norte, visit¨¢mos cinco iniciativas empresariais apoiadas pelo PDAC e fal¨¢mos com os benefici¨¢rios para conhecer as suas realiza??es. Estas inclu¨ªam tr¨ºs fazendas de milho em grande escala, uma f¨¢brica de torrefa??o de caf¨¦ e uma explora??o av¨ªcola. uma f¨¢brica de torrefa??o de caf¨¦ e uma fazenda av¨ªcola. 

A primeira paragem - Fazenda Media 31, Prov¨ªncia do Kwanza Sul

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Ant¨®nio da Costa exibe orgulhosamente duas espigas de milho totalmente crescidas da sua planta??o de milho de 72 hectares. Foto: Wilson Piassa / Banco Mundial

Situada em Waku-Kungo, a 430 km de Luanda, esta fazenda cultiva milho, soja, feij?o e batata e ¨¦ gerida por Ant¨®nio da Costa, tamb¨¦m conhecido como Cafuringa. Sendo um profissional com mais de tr¨ºs d¨¦cadas de experi¨ºncia na gest?o de explora??es agr¨ªcolas, Cafuringa considera que est¨¢ prestes a concretizar a sua aspira??o de se tornar um produtor de cereais proeminente em Angola. A Fazenda Media 31 tem beneficiado de apoio t¨¦cnico do PDAC e de maquinaria e equipamento agr¨ªcola, como um gerador, um trator e uma ceifeira. Estes equipamentos aumentaram significativamente a produtividade da fazenda. A fazenda adotou uma t¨¦cnica de plantio rotativo que permitir¨¢ o cultivo durante todo o ano, apoiada por uma pequena barragem para irriga??o cont¨ªnua. Antecipando um rendimento de milho que varia entre 5 e 5,5 toneladas por hectare na ¨¦poca em curso, Cafuringa est¨¢ otimista quanto ¨¤s perspetivas futuras da fazenda.

"Tenho testemunhado transforma??es significativas facilitadas pela assist¨ºncia do PDAC. Anteriormente, eu acreditava que minhas terras eram enormes devido ¨¤ minha produ??o de 10 hectares cada de feij?o, milho e soja. Atualmente, adot¨¢mos um m¨¦todo de cultivo rotativo que abrange a totalidade dos 72 hectares da nossa terra. Testemunhar opera??es simult?neas, como um trator a lavrar o solo enquanto outro semeia as sementes, ¨¦ verdadeiramente impressionante. Estou profundamente grato ao PDAC pelo seu inestim¨¢vel apoio." - Ant¨®nio da Costa.

A Fazenda Media 31 vende os seus produtos para grandes superf¨ªcies comerciais, vendedores a retalho de Luanda e a avenida mais lucrativa tem sido os principais mercados abertos em Luanda. Com o aumento da produtividade, surgiram desafios log¨ªsticos no transporte da produ??o crescente para mercados distantes.

Segunda paragem - "Caf¨¦ Gabela", a hist¨®ria do sonho e da resili¨ºncia de um homem, Prov¨ªncia do Kwanza Sul

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Jos¨¦ Manuel Ventura em frente ao seu torrador de caf¨¦, onde produz a sua marca de caf¨¦ Gabela. Foto: Wilson Piassa / Banco Mundial

Jos¨¦ Manuel Ventura, um empres¨¢rio de 66 anos e propriet¨¢rio de uma pequena f¨¢brica de torrefa??o de caf¨¦ no Sumbe, est¨¢ empenhado em revitalizar a ind¨²stria do caf¨¦ em Angola e em preservar o seu rico legado.

At¨¦ 1973, o caf¨¦ era o principal produto interno bruto de Angola, que era conhecida pelos seus gr?os de caf¨¦ de primeira qualidade, mas sofreu um decl¨ªnio na produ??o devido ¨¤ prolongada guerra civil e ao dom¨ªnio do sector petrol¨ªfero. No entanto, com o empenho e vis?o inabal¨¢vel de Jos¨¦, h¨¢ otimismo quanto a um renascimento do sector do caf¨¦. Inspirando-se da experi¨ºncia adquirida pela fam¨ªlia ao longo de gera??es no cultivo do caf¨¦, Jos¨¦ reformou-se de uma carreira na fun??o p¨²blica para reavivar a sua paix?o pela produ??o de caf¨¦. Mergulhado em todos os aspectos do processo de fabrico do caf¨¦, desde o cultivo ¨¤ chavena, come?ou com uma modesta m¨¢quina de torrefa??o de caf¨¦ capaz de produzir at¨¦ 10 kg por dia. Jos¨¦ apresentou ent?o o seu caf¨¦ em feiras nacionais, enfrentando inicialmente ceticismo, uma vez que os consumidores preferiam marcas de caf¨¦ mais conhecidas. Com perseveran?a e dedica??o, a sua marca de caf¨¦, Caf¨¦ Gabela, ganhou reconhecimento e popularidade e est¨¢ agora dispon¨ªvel nos principais supermercados a n¨ªvel nacional.

Para assegurar o futuro da sua empresa e dos seus funcion¨¢rios, Jos¨¦ teve de aumentar a produ??o de caf¨¦ para al¨¦m dos 10 kg/dia e expandi-la internacionalmente.

"Com a ajuda do PDAC, a nossa empresa estabeleceu com sucesso dois viveiros de caf¨¦ em Amboim e Cassongue. Trezentos produtores locais receberam doa??es de plantas dos nossos viveiros, contribuindo para uma revitaliza??o da produ??o e um aumento do volume. Nos pr¨®ximos 3-4 anos, a regi?o est¨¢ preparada para testemunhar um aumento significativo na produ??o de caf¨¦ e na procura do caf¨¦ Gabela, com planos em curso para come?ar a exportar internacionalmente. O apoio concedido pelo PDAC excedeu as nossas expectativas iniciais, catalisando uma mudan?a transformadora no cultivo do caf¨¦ na nossa regi?o. Este apoio incutiu uma maior confian?a nos produtores de caf¨¦, garantindo um mercado sustent¨¢vel para os seus produtos. Ao promover este mercado, demos passos significativos no sentido de melhorar os meios de subsist¨ºncia dos produtores, das suas fam¨ªlias e dos trabalhadores, beneficiando consequentemente milhares de pessoas, tanto direta como indiretamente." - Jos¨¦ Ventura.

Terceira paragem - Fazenda Cafuqueno, Prov¨ªncia do Kwanza Norte

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Maria Campos segurando milho recentemente arrancado, que estar¨¢ pronto para ser colhido em maio. Foto: Wilson Piassa / Banco Mundial

Apesar de a hist¨®ria familiar de Maria Campos estar enraizada na agricultura h¨¢ v¨¢rias gera??es, a sua decis?o de voltar a dedicar-se a actividades agr¨ªcolas foi algo pouco convencional. Ap¨®s anos de servi?o como funcion¨¢ria p¨²blica em Luanda, Maria procurou um ref¨²gio terap¨ºutico no campo em 2013 para tratar das suas preocupa??es de sa¨²de. Inicialmente, deparou-se com a resist¨ºncia do marido em rela??o ¨¤s suas aspira??es agr¨ªcolas, mas mais tarde ele tornou-se o seu mais firme defensor ao testemunhar a melhoria significativa do seu bem-estar ¨¤ medida que se dedicava ao trabalho agr¨ªcola. Come?ando com o cultivo de frutas, Maria diversificou gradualmente para o cultivo de legumes e tub¨¦rculos. No final de 2018, ela tinha acumulado mais de 400 hectares de terra com aspira??es de aumentar os n¨ªveis de produ??o, embora limitada por escassos recursos. Com o apoio do PDAC, a fazenda beneficiou de aconselhamento t¨¦cnico, sementes melhoradas e maquinaria essencial para facilitar o cultivo em larga escala de milho e feij?o. Atualmente, Maria semeou 21 hectares de milho, cuja colheita est¨¢ prevista para o final de abril, e preparou mais 30 hectares para o cultivo de feij?o. A ambi??o de Maria ¨¦ otimizar o total de 400 hectares da sua fazenda, que atualmente tem 90 hectares cultivados e emprega 19 funcion¨¢rios em tempo integral.

"O PDAC tem desempenhado um papel fundamental na concretiza??o dos nossos objectivos agr¨ªcolas, fornecendo estrategicamente recursos e conhecimentos especializados essenciais ¨¤ nossa fazenda. Antes do nosso engajamento com o PDAC, a produ??o em larga escala apresentava desafios, resultando frequentemente em perdas devido a medidas inadequadas para combater pragas e insectos. No entanto, atrav¨¦s de equipamento como o semeador e o pulverizador fornecidos pela PDAC, podemos agora cultivar eficazmente vastas extens?es de terra, salvaguardando as nossas colheitas. Al¨¦m disso, a disponibiliza??o de instala??es de armazenamento permitiu-nos conservar os nossos produtos, uma capacidade que anteriormente n?o existia e que nos obrigava a vender os nossos produtos a pre?os reduzidos." - Maria Campos.

Quarta paragem - Fazenda Anjomal, Prov¨ªncia de Malanje

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Jose e Ana na sua fazenda. Foto: Wilson Piassa /Banco Mundial

Situada na comuna de Cambanje, a 25 quil¨®metros da cidade de Malanje, a Fazenda Anjomal ¨¦ propriedade de Jos¨¦ Manuel Domingos e da sua esposa Ana Jos¨¦, conhecida por Tia Seja. Ambos com 62 anos, s?o pais de cinco filhas. A fazenda tem uma extens?o de 1.800 hectares e cultiva uma variedade de culturas, incluindo milho, mandioca, caf¨¦, soja, legumes, frutas, feij?o, batata e piscicultura. Nesta ¨¦poca, cultivou 50 hectares de milho com uma colheita prevista de mais de 200 toneladas.

Com a ajuda do PDAC, a fazenda adquiriu equipamentos agr¨ªcolas modernos, como uma semeadora de seis linhas, um distribuidor de fertilizantes e um pulverizador. Embora a produ??o de milho n?o seja uma novidade para a quinta, esta ¨¦ a primeira vez que est?o a utilizar t¨¦cnicas avan?adas para o cultivo de milho em grande escala.

"No ano passado, sofremos perdas significativas devido ¨¤ falta de uma m¨¢quina de colheita. Quando se cultivam grandes ¨¢reas, ¨¦ crucial ter um m¨¦todo eficiente de colheita para garantir uma produ??o atempada e ¨®ptima. Anteriormente, costum¨¢vamos colher 40 hectares de milho manualmente com a ajuda de muitos funcion¨¢rios, mas mesmo assim perd¨ªamos uma parte significativa da nossa produ??o. No entanto, com o equipamento correto, aument¨¢mos a nossa ¨¢rea de produ??o e minimiz¨¢mos as perdas. Estamos a caminhar gradualmente para atingir todo o nosso potencial de produ??o," - Jos¨¦ Domingos.

"As perdas anteriores foram causadas pela aus¨ºncia de orienta??o profissional sobre t¨¦cnicas agr¨ªcolas. Gra?as ¨¤ assist¨ºncia dos especialistas da Incatema (um dos prestadores de servi?os t¨¦cnicos do PDAC), temos agora acesso a um apoio e recursos indispens¨¢veis. A transforma??o provocada pelo apoio do PDAC ¨¦ significativa, e nosso progresso ¨¦ comparado ¨¤ transi??o do engatinhar para o andar, e agora avan?ando para o correr." -Tia Seja.

Embora otimistas quanto ao futuro com o apoio do PDAC, os produtores de milho reconhecem a necessidade de silos para armazenar os excedentes de produ??o para aumentar a produ??o. As infraestruturas de armazenamento inadequadas colocam desafios tanto ¨¤ economia do pa¨ªs como ¨¤ sua popula??o.

Quinta paragem - Avicultura, Prov¨ªncia de Malanje

 

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Carlos Marta, 45 anos e pai de quatro filhos, ¨¦ uma das figuras-chave que impulsionam a iniciativa av¨ªcola na Fazenda Catchicongo, em Malanje. O in¨ªcio do projeto av¨ªcola remonta j¨¢ h¨¢ alguns anos, mas a implementa??o efetiva come?ou no in¨ªcio de 2023, com o povoamento de duas das cinco estruturas pr¨¦-existentes. Com a ajuda do PDAC, foram efectuadas melhorias nas infra-estruturas e adquiridas galinhas. A explora??o conta com 1200 galinhas, que produzem entre 800 e 900 ovos por dia. Embora a produ??o padr?o de ovos por galinha devesse ser idealmente de um por dia, os custos vari¨¢veis da alimenta??o representam um desafio significativo. A consist¨ºncia da produ??o de ovos ¨¦ diretamente influenciada pela qualidade da alimenta??o fornecida.

Dado que esta ¨¦ a primeira empresa av¨ªcola da prov¨ªncia de Malanje, a aus¨ºncia de um fornecedor ou produtor local de ra??o significa que est?o dependentes de Luanda. A fazenda espera produzir ra??o no local no futuro.

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"O apoio do PDAC refor?a um lema que t¨ªnhamos colocado no in¨ªcio, quando decidimos dedicar-nos ¨¤ avicultura: mesmo quando as coisas s?o dif¨ªceis, desistir ¨¦ a ¨²ltima op??o. O PDAC surgiu numa altura em que os ?nimos estavam muito baixos, e aqui estamos n¨®s hoje. Mesmo com as dificuldades de alimenta??o, estamos a produzir entre 800 e 900 ovos por dia, mas o nosso objetivo ¨¦ chegar entre os 30.000 e os 40.000 ovos por dia. Para atingir este objetivo, temos de aumentar o nosso efetivo de galinhas e produzir n¨®s pr¨®prios os ra??es. Queremos que a nossa prov¨ªncia seja autossuficiente na produ??o de ovos e galinhas; temos 600.000 habitantes para alimentar aqui na cidade de Malanje " - Carlos Marta.

A enorme procura dos seus ovos levou a que alguns estabelecimentos, como lojas e restaurantes locais, garantissem reservas antecipadas.

A transi??o de Carlos Marta da vida urbana para a avicultura demonstra uma mudan?a estrat¨¦gica para a diversifica??o econ¨®mica ap¨®s um longo per¨ªodo como professor.

Todos estes projectos demonstram a resili¨ºncia, a for?a e a perseveran?a dos empreendedores que aproveitam o vasto potencial da terra e dos recursos h¨ªdricos para aumentar a seguran?a alimentar e diversificar a economia de Angola.

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