Estat¨ªsticas mostram que as ¨¢reas protegidas reduzem os riscos de desmatamento ao estabelecer orienta??es precisas de uso dessas terras e ao aumentar a fiscaliza??o. Dessa forma, tamb¨¦m ajudam a proteger os povos ind¨ªgenas, organizar a ocupa??o do territ¨®rio e tornar os empreendimentos sustent¨¢veis mais atrativos.
Com uma ¨¢rea de cobertura 50% maior do que a de todos os parques nacionais dos Estados Unidos -- e a um custo bem menor -- o ARPA ¨¦ respons¨¢vel por uma queda de 37% no desmatamento entre 2004 e 2009, segundo um estudo da Academia Nacional de Ci¨ºncias dos Estados Unidos.
A Amaz?nia apresenta uma influ¨ºncia importante sobre o clima regional e do mundo, e preserv¨¢-la ¨¦ de import?ncia vital, n?o s¨® para o Brasil, mas para a biodiversidade de todo o mundo.
"Preservar as florestas em p¨¦ permite aos governos, ¨¤s empresas, ¨¤s corpora??es e ¨¤s institui??es financeiras agir imediatamente para reduzir as emiss?es de gases causadores de efeito estufa, al¨¦m de presevar ¨¢reas ricas em biodiversidade", explicou Sri Mulyani Indrawati, diretora-gerente do Banco Mundial, ao receber o pr¨ºmio.
Experi¨ºncia global
"Por meio do ARPA conseguimos ajudar o Brasil em seus esfor?os para reduzir o desmatamento e, ao mesmo tempo, ganhar uma experi¨ºncia valiosa, que pode ser compartilhada globalmente", ela acrescentou.
Composto de duas fases e financiado por US$ 46 milh?es vindos do Global Environmental Facility (GEF), o programa, implementado pelo Banco Mundial, foi lan?ado em Joanesburgo (?frica do Sul) em 2002.
Essa iniciativa de longo prazo ¨¦ apoiada pelo governo brasileiro, pelo Banco Mundial, pelo GEF, pelo WWF e pelo Banco de Desenvolvimento Alem?o. Quando finalmente completo, o ARPA proteger¨¢ quase 70 milh?es de hectares de florestas tropicais, impedindo a emiss?o de mais de 1,1 bilh?o de toneladas de CO2 at¨¦ 2050.
Juntas, essas florestas t¨ºm uma ¨¢rea maior do que a da Ucr?nia ou do estado do Texas (EUA), guardam mais de 4,6 bilh?es de toneladas de carbono -- cerca de 18% do estoque total de carbono da Amaz?nia -- e s?o h¨¢bitat de incont¨¢veis esp¨¦cies de animais e plantas.
Muito al¨¦m dos n¨²meros, o ARPA n?o contribuiu s¨® para criar ¨¢reas protegidas. "Ele mudou a forma de usar a terra e valorizou os recursos naturais da floresta, o que tem um impacto real sobre o desenvolvimento da regi?o", enfatiza a bi¨®loga brasileira Adriana Moreira, especialista do Banco Mundial na ¨¢rea de desenvolvimento sustent¨¢vel.
Mais parcerias, menos desmatamento
Moreira explica que h¨¢ dois tipos de ¨¢reas protegidas: as de prote??o estrita e as de uso sustent¨¢vel. Essas ¨²ltimas permitem equilibrar uso e conserva??o dos recursos naturais.
As de prote??o estrita englobam parques municipais, estaduais e nacionais, bem como esta??es ecol¨®gicas e reservas biol¨®gicas. J¨¢ as demais consistem em reservas extrativistas e de desenvolvimento sustent¨¢vel.
O ARPA estabelece que todas as ¨¢reas devem ter um plano de prote??o antes que seja definido um projeto final de gerenciamento das terras. Essa exig¨ºncia aumentou o apoio ¨¤ fiscaliza??o e fortaleceu as parcerias com as institui??es de prote??o ao meio ambiente -- dando mais poder aos gerentes e trabalhadores das ¨¢reas protegidas.
A primeira hist¨®ria de sucesso do ARPA est¨¢ na cria??o do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, no estado do Amap¨¢. Ele soma 3,8 milh?es de hectares, mesmo tamanho da B¨¦lgica. "Mas cri¨¢-lo foi relativamente f¨¢cil, pois o Tumucumaque fica numa ¨¢rea isolada. Bem mais dif¨ªcil foi criar uma esta??o ecol¨®gica na Terra do Meio (entre os estados do Par¨¢ e do Mato Grosso), que ¨¦ uma fronteira tanto de agricultura quanto de desmatamento", lembra Adriana Moreira.
Embora reconhe?am que at¨¦ as ¨¢reas protegidas sofrem com o desmatamento, especialistas defendem que a devasta??o nessas terras ¨¦ muito menor do que nas demais. Os ¨ªndices, em geral, s?o de 7% a 11% menores, segundo diversos estudos.