Um vasto pa¨ªs com uma longa linha costeira e um planalto central, Angola atravessa o interior da ?frica Austral e faz fronteira com a Nam¨ªbia, Botswana, Z?mbia, Rep¨²blica do Congo e a Rep¨²blica Democr¨¢tica do Congo. As suas principais cidades, incluindo a sua capital, Luanda, olham para oeste sobre o Atl?ntico Sul at¨¦ ao Brasil, outra na??o de l¨ªngua portuguesa (como ela pr¨®pria). Tem uma popula??o de mais de 33,08 milh?es de habitantes (2022).
Panorama econ¨®mico
A situa??o econ¨®mica de Angola tem estado ligada ¨¤ procura mundial de petr¨®leo, o que provocou um crescimento vol¨¢til e deixou o pa¨ªs com elevados n¨ªveis de pobreza e desigualdade. As reformas realizadas nos ¨²ltimos cinco anos melhoraram a gest?o macroecon¨®mica e a governa??o do sector p¨²blico. A estabilidade macroecon¨®mica foi refor?ada atrav¨¦s de um regime de taxas de c?mbio mais flex¨ªvel, da autonomia do banco central, de uma pol¨ªtica monet¨¢ria s¨®lida e da consolida??o or?amental.
Ap¨®s um modesto crescimento de 1% em 2023, devido principalmente a uma menor produ??o de petr¨®leo, ¨¤ deprecia??o da taxa de c?mbio e ao aumento dos pre?os dos combust¨ªveis, o PIB real registou um crescimento anual de 4,1% no primeiro trimestre de 2024. Este valor representa a expans?o anual mais significativa dos ¨²ltimos nove anos. A retoma foi impulsionada por uma recupera??o da produ??o petrol¨ªfera e por um desempenho robusto do sector dos servi?os, em especial no com¨¦rcio interno e nos transportes e armazenagem. O aumento dos pre?os e da produ??o de petr¨®leo impulsionou o excedente da balan?a corrente de Angola no primeiro semestre de 2024. Apesar do aumento das receitas do petr¨®leo, a situa??o or?amental continua a ser dif¨ªcil. Os pre?os de exporta??o do petr¨®leo atingiram uma m¨¦dia de 84,2 d¨®lares por barril entre janeiro e agosto e a produ??o interna atingiu 1,13 milh?es de barris por dia entre janeiro e julho, ultrapassando os pressupostos or?amentais para 2024 de 65 d¨®lares por barril e 1,06 milh?es de barris por dia. Este facto conduziu a uma recupera??o das receitas p¨²blicas ap¨®s um decl¨ªnio em 2023. No entanto, a desvaloriza??o de -40% da moeda em maio-junho de 2023 aumentou o servi?o da d¨ªvida e os subs¨ªdios aos combust¨ªveis. Consequentemente, as despesas p¨²blicas foram limitadas, levando a cortes nas despesas de capital e ¨¤ acelera??o da reforma dos subs¨ªdios aos combust¨ªveis, apesar de um acordo de garantia com um credor chin¨ºs que ajudou a aliviar a press?o do servi?o da d¨ªvida.
Em 2024, o mercado cambial estabilizou-se, com uma redu??o dos pr¨¦mios do mercado paralelo e uma deprecia??o mais gradual em compara??o com 2023. O aumento dos pre?os mundiais dos produtos alimentares, um kwanza mais fraco e os aumentos dos pre?os dos combust¨ªveis mantiveram a infla??o elevada, com uma m¨¦dia anual de 27,9% entre janeiro e agosto, apesar de o banco central ter aumentado a taxa de juro diretora em 250 pontos de base para 19,5% desde novembro de 2023. O aumento da infla??o e a diminui??o do rendimento per capita afetaram o poder de compra das fam¨ªlias, em especial das mais desfavorecidas. Este ano, prev¨º-se que mais de um ter?o da popula??o viva com menos de 2,15 d¨®lares por dia. Embora o programa de transfer¨ºncia de dinheiro Kwenda forne?a atualmente uma rede de seguran?a social a 1,5 milh?es de fam¨ªlias rurais, as fam¨ªlias urbanas continuam desprotegidas e vulner¨¢veis aos choques de pre?os.
Prev¨º-se que o crescimento recupere para 3,2% em 2024, impulsionado pela produ??o de petr¨®leo. No entanto, prev¨º-se que as restri??es estruturais limitem o crescimento a 2,9% em m¨¦dia em 2025-26, com uma estagna??o do PIB real per capita. Espera-se que uma pol¨ªtica monet¨¢ria rigorosa e uma orienta??o or?amental conservadora ajudem a conter a infla??o, embora se preveja que esta continue a ultrapassar os 10% em 2026. A infla??o elevada e o espa?o or?amental limitado dever?o manter as taxas de pobreza elevadas, cerca de 36% em 2026, sublinhando a necessidade de uma rede de seguran?a social mais forte e de mais despesas no dom¨ªnio do desenvolvimento. Prev¨º-se que as contas or?amentais se mantenham sustent¨¢veis, desde que o programa de consolida??o seja aplicado, com o saldo global a atingir em m¨¦dia 0,1% do PIB em 2024-26 e a d¨ªvida p¨²blica em rela??o ao PIB a diminuir para 57% at¨¦ 2026.Prev¨º-se que os saldos externos se mantenham fortes, com as reservas internacionais a cobrirem mais de sete meses de importa??es. No entanto, os riscos permanecem elevados, uma vez que os choques nos pre?os mundiais do petr¨®leo e a infla??o prolongada podem colocar desafios significativos.
Desafios sociais e de desenvolvimento
A depend¨ºncia de Angola do sector petrol¨ªfero aumentou a sua vulnerabilidade aos choques externos e prejudicou a estabilidade macroecon¨®mica. A forte aprecia??o da taxa de c?mbio real tem prejudicado a economia n?o petrol¨ªfera e limitado a diversifica??o econ¨®mica e a cria??o de emprego. A economia n?o est¨¢ a gerar empregos suficientes para acompanhar o crescimento da popula??o angolana em idade ativa, enquanto 8 em cada 10 trabalhadores est?o envolvidos em sectores informais e de baixa produtividade. A taxa de desemprego situou-se em 32,2% no segundo trimestre de 2024.O desemprego dos jovens constitui um grande desafio, com a taxa de desemprego dos 15 aos 24 anos a exceder largamente a taxa global. As elevadas taxas de gravidez na adolesc¨ºncia, as mortes maternas e neonatais e o atraso no crescimento das crian?as sublinham a necessidade de investir no desenvolvimento do capital humano. A diversifica??o continua a ser ilus¨®ria, enquanto a produ??o de petr¨®leo est¨¢ em decl¨ªnio estrutural e a descarboniza??o global se aproxima a m¨¦dio prazo. Angola precisa de investir urgentemente na remo??o de barreiras ao investimento do sector privado para alcan?ar a diversifica??o econ¨®mica e apoiar o crescimento, a cria??o de emprego e a redu??o da pobreza. Com terras agr¨ªcolas e ar¨¢veis abundantes e condi??es clim¨¢ticas favor¨¢veis, a agricultura tem um elevado potencial para impulsionar a diversifica??o econ¨®mica. No entanto, Angola ter¨¢ de refor?ar a sua resist¨ºncia ¨¤s altera??es clim¨¢ticas, uma vez que a sua exposi??o a fen¨®menos clim¨¢ticos extremos dever¨¢ agravar a escassez de ¨¢gua, aumentar as temperaturas e prolongar as esta??es secas, prejudicando a produtividade agr¨ªcola.
Contexto pol¨ªtico
Angola est¨¢ sujeita a um sistema multipartid¨¢rio, com elei??es gerais de cinco em cinco anos. O Movimento Popular de Liberta??o de Angola (MPLA) est¨¢ no poder desde a independ¨ºncia do pa¨ªs em 1975. Em agosto de 2022, o MPLA venceu as quartas elei??es do p¨®s-guerra com 51% dos votos e garantiu ao Presidente Jo?o Louren?o um segundo e ¨²ltimo mandato.
A n¨ªvel internacional, Angola continua a ser assertiva e a demonstrar um compromisso inabal¨¢vel com a paz e a estabilidade em ?frica, em especial na Rep¨²blica Democr¨¢tica do Congo, onde tem liderado os esfor?os regionais para p?r termo ¨¤ instabilidade que amea?a toda a Regi?o dos Grandes Lagos.
?ltima atualiza??o: 17 de outubro de 2024
